Estamos num tempo de relaxamento. Podem vir as piores notícias, sejam elas do âmbito social ou outro, as desmelhoras sobre os principais indicadores económicos – défice, crescimento, dívida, só para citar alguns – que a grande maioria das pessoas não se importa. A crispação, algum estado irritadiço que se sentia, no dizer de alguns comentadores, deu lugar à lassidão, senão mesmo à flacidez. Faz-me lembrar aquela velha anedota: um indivíduo tinha sintomas de soltura intestinal e, nessa conformidade, borrava-se – é o termo – amiúde. Foi ao médico e este em vez de lhe receitar um anti-laxante, medicou-o com um anti-depressivo. Resultado: borrava-se na mesma, mas andava feliz uma vez não se importar com tal.
O Partido Socialista e, sobretudo, António Costa durante a campanha eleitoral para as eleições legislativas, as quais perdeu escandalosamente, e mesmo depois de formar este governo espúrio, prometeram um tempo novo, livre de austeridade, com crescimento económico acima da média, diminuição da dívida pública, etc. Ora, levando em conta o que dizem as principais instituições que monitorizam as contas do nosso país, as promessas estão a sair todas furadas.
A pergunta que se impõe: alguém se revolta e dá dois murros na mesa? Ninguém, é a resposta. Começando pelo Presidente da República que anda numa de afectos, terminando nos partidos da oposição, os quais, com excepção de algumas iniciativas meritórias do CDS, ainda procuram o seu caminho entre os escolhos de quem tudo perdeu e com nada ficou, ninguém aponta o dedo e é capaz de dizer “o Rei vai nu”. Os sindicatos, essencialmente os afectos à CGTP, antes tão activos, quais lobos esfaimados, agora parecem simples cordeiros que unicamente querem mamar na teta (do Estado, claro está).
Resta o cidadão comum. Por agora, quer apenas que venha o Verão e gozar uns bons dias à beira-mar deitado. Depois logo se verá!