Hoje almocei bacalhau com grão. Por cima um pouco de salsa e cebola migada, sem esquecer o ovo cozido. Quanto à batata, no que concerne a este prato, sempre a dispensei. Acompanhado com um bom vinho, ainda de minhas antigas colheitas, soube-me divinalmente.
O bacalhau, cozinhado de mil e uma maneiras, como só nós, os portugueses, sabemos fazer, é considerado, por agora, friso por agora, um alimento de origem selvagem e com evidentes vantagens ao nível do seu rendimento, pois tudo nele é aproveitado. Quem não aprecia um arroz de línguas, uma feijoada de sames ou de bucho, isto para não falar dos pastéis e/ou pataniscas, entre outras iguarias.
Por isso, não é novidade para ninguém quando se afirma que são os portugueses que, em termos de per capita, mais bacalhau consomem. Aliás, a actividade bacalhoeira em Portugal é, sem dúvida, uma marca da nossa cultura nacional. Outrora associada à pesca, esta actividade foi fomentada pelo desígnio de aceder a uma importante fonte de proteína para suprir as necessidades alimentares do país. Não é por caso que este foi, durante dezenas e dezenas de anos, o único peixe que os habitantes deste país, mais concretamente, os que viviam e ainda vivem no seu interior, puderam e podem comer. Daí não admirar que ainda hoje o melhor bacalhau se come, não no litoral, mas no mais recôndito deste rectângulo à beira-mar plantado.