Há quem seja valorizado pela sua determinação, capacidade de superar obstáculos e dedicação. Há quem tenha uma enorme preocupação com o desempenho profissional e, por isso, capaz de abdicar de momentos de lazer com a família ou amigos em prol do trabalho. Todavia, nada disto é muito preocupante, se tudo for bem doseado. É que a fronteira entre ser um bom profissional, exemplar e motivador até, e ser considerado um workaholic é cada vez mais estreita. De acordo com estudos recentes, estima-se que 10% dos portugueses sejam viciados no trabalho, ou seja, para quem a actividade profissional é tudo e ter uma mera semana de férias constitui uma fonte de constante sofrimento.
Todos sabemos que vencer na profissão não é fácil, por muito bom que se seja. Momentos existem em que se não estamos presentes, perdemos o “comboio”. Como é evidente, o facto de se empenhar activamente, em manter-se presente, mesmo quando não se está no local de trabalho, acarreta um preço elevado ou, dito por outras palavras, resulta numa perda de qualidade de vida, bem como num acentuado agravamento de saúde.
Chega-se a dormir quatro ou, quanto muito, cinco horas por noite e já não nos lembramos de um fim-de-semana em que não tenhamos mexido no computador para tratar de coisas de trabalho. Distúrbios de sono, stress, ansiedade, queda de cabelo, arritmias, para não falar em úlceras, são patologias do dia-a-dia.
E, quando nos perguntam se somos viciados no trabalho, prontamente respondemos que não. Gostamos, sim, é muito da nossa profissão, a qual é extremamente importante para nós. No fundo, enganando-nos ou não a nós próprios, dizemos a todos e em todos os momentos que adoramos o que fazemos.
Se fica nervoso só de pensar em desligar o telemóvel ou o computador; se está a jantar com os amigos e na sua mente passam emails que, àquela hora, já aguardam, no computador, uma resposta sua; se, na maior parte do dia, apenas sabe falar de testes para corrigir, aulas para preparar, comportamento de alunos e inúmeras burocracias a fazer frente; se sente que se irrita com facilidade ou tem mudanças repentinas de humor; se sofre frequentemente de dores de cabeça, fadiga, nervosismo, tensão muscular ou perturbações do sono, então é PROFESSOR e desconhece que há mais vida para além do trabalho.