Chove e chove bem. São bátegas de assustar. E o que troveja? Já não me recordo de sentir tantos e tão fortes trovões. Como não chovia, em termos dignos desse nome, vai para mais de três meses, este estado de tempo até nem é mau de todo. Se incomoda? Claro que sim, sobretudo para quem ainda está de férias e contava com mais uns dias de praia.
Agora mau, mas mesmo muito mau, é para quem tem vindima. Se é um serviço já por si pesado – não é cortar umas horas por puro divertimento e bucolismo; experimentem andar dias e dias e depois digam algo! – então a chover nem queiram saber quanto custa. Imaginem as vinhas de barro: a determinada altura as botas pesam toneladas, a capa para além de impedir os movimentos livres dos braços, ensopa devido à água que incessantemente cai e simultaneamente é um autêntico suadouro, face à ausência de respiração, os potes que para além das uvas, agora mais pesadas, enchem-se de água. Para agravar os tractores deixam de poder entrar na vinha, o que resulta o carreamento dos baldes ao ombro a longas distâncias.
Perguntarão: face ao temporal, não se pode adiar a vindima? A resposta é negativa. As caves marcam a data da colheita de uvas e adiando para uns teriam que ser adiados todos os seguintes e assim sendo não havia logística (particular e institucional) que resistisse.
E a qualidade? Por agora nada a lamentar. Tem menos grau? Hoje-em-dia não faltam soluções para tal. O problema é daqui a oito/quinze dias, i.e., quando as uvas começarem a apodrecer, tanto mais que chove com tanta intensidade que a película da uva já se está a romper. E contra a podridão? Pouco ou nada. A não ser suportar vinhos de menor qualidade.