A justiça em Portugal há muito que anda pelas ruas da amargura. Aliás, esta afirmação, hoje-em-dia, não passa de um lugar comum. Todos ou quase todos o sabem e proclamam aos quatro ventos. É ineficaz, morosa e sobretudo vadia, pois tanto dá para condenar a penas extremas, como pelos mesmos factos é capaz, sem rebuço algum, de mandar em “paz” o arguido mais relapso.
Contudo, para além de não ser cega, o pior é ser preguiçosa. Quando um cidadão se sente justamente - ou até, no limite, injustamente lesado - não há pesquisa, investigação, metodologia e/ou estratégia que o salve. Se apresentar provas inequívocas, então, a muito custo e após insistências atrás de insistências, lá se vai dar início ao processo e, com sorte, poderá alcançar resultados positivos. Caso contrário, esqueça.
Aliás, não é por acaso que o sucesso das empresas de segurança (alarmes e videovigilância) nunca cresceu tanto como agora. E, neste âmbito, acontece, muitas vezes, o caricato, para não dizer o paradoxo. Se temos algo vigiado nos termos da lei, obrigatoriamente a placa informando de tal é afixada em local bem visível. Claro que isto, a maioria das vezes, só serve para atrair ainda mais a gatunagem/malfeitores. Estes pensam: “Oh lá, há vigilância? Então é porque existe algo de valor! Vamos lá disfarçadamente – gorro, luvas, etc. - e … pronto. Nada nos acontecerá”. Por outro lado, se colocarmos vigilância sem a devida legalização, as imagens não nos beneficiam em nada e muito menos poderão servir de prova em tribunal. Quanto muito poderão servir para fazermos justiça por mãos próprias.