Apesar do tempo não ter ajudado, nos últimos dias viajei. Ao princípio pensei que a solidão era o mais propício ao meu estado de espírito. Todavia, à última hora, a companhia proposta pareceu-me a melhor, opção, aliás, que se tornou deveras agradável.
Partimos, sem destino certo, pois não são todos os dias em que temos oportunidade de nos aventurar por terras desconhecidas. O mais comum, bem o sabemos, é partir com destino traçado e com horas de chegada e de partida.
Depois de almoçarmos em Coimbra, mais concretamente n’A Taberna, local onde não manjava há mais de uma dúzia de anos e onde nos foi servido opiparamente um cabrito assado em forno de lenha, rumamos a Sul, aportando a Tomar ao final da tarde, local onde pernoitámos, após visitarmos uma parte da cidade, mais concretamente, passeando dolentemente pelas margens do Nabão, apesar do frio que nos tolhia, obrigando, cada um, a procurar o calor através do aconchego do outro.
A visita continuou na manhã do dia seguinte, principalmente ao Convento de Cristo. O respeito pelo preexistente e a serena integração dos elementos contemporâneos são uma das imagens de marca desta obra monumental. A recuperação assente no valor histórico e arquitectónico do edificado levou, antes de mais, a que fosse rigorosamente respeitado o sistema de espaços abobados que estruturam todos o interior do edifício. Para tal, foi necessário libertá-lo de todas as construções que o adulteravam e ocultavam para tornar novamente visíveis as magistrais arcadas. Um processo que implicou a limpeza de todas as superfícies de pedra onde se procedeu à remoção de argamassas degradadas e das manchas provenientes de oxidações e outros elementos corrosivos.
Após o almoço, no “Chico Elias”, restaurante situado nos arredores da cidade nabantina, onde saboreámos um soberbo coelho na abóbora, aptámos por passar por Fátima. Ambos, por razões distintas, é certo, há uns bons anos que não visitávamos aquele Santuário, magnificamente cognominado como o altar do Mundo.
Aqui rezámos, tanto na Capelinha como na imponente e nova Basílica da Santíssima Trindade onde, cada um, de modo individual, tenho a certeza, teve a oportunidade de pedir e solicitar ao Senhor tudo o que necessitava para a sua existência e dos seus: inspiração, discernimento, disposição e perseverança. Isto sem esquecer que rezar não é só para solucionar os problemas e dificuldades que surgem no quotidiano, mas sobretudo, para agradecer ao Senhor, todos os bens que Ele nos concede independentemente de nosso merecimento pessoal. Por isso mesmo, tão importante como pedir, é saber agradecer, é dar graças a Deus pelo êxito conseguido em cada jornada e em cada empreendimento de nossa trajectória, que nos ajudam a vencer com dignidade, os diferentes obstáculos de nossa caminhada existencial.
Adenda: Não esquecendo, de modo algum, o dia de hoje, e apesar de se comemorar a festa litúrgica dos Santos Cirilo e Metódio, padroeiros da Europa, pelo nosso lado, vamos festejar o S. Valentim, “sem pecar”, como é óbvio.