É a lamentação mais amiúde ouvida nas escolas e quem à sua volta gravita, i.e., a comunidade escolar. Refiro-me, concretamente, à indisciplina provocada pela má educação e à desadequada postura dos alunos. Diminuísse esta e, não tenho a menor dúvida que, a questão do número excessivo de “chumbos”, que tanto tem ultimamente preocupado certos políticos e bem pensadores da nossa praça, senão desaparecia de todo, pelo menos atenuava muitíssimo.
Recentemente, li que 78% dos docentes acham que nas suas escolas se vive um ambiente de indisciplina, principalmente dentro da sala de aula, gastando mais de 25% do tempo desta a corrigir a atitude dos alunos, com a consequente perda de tempo para o que é essencial, ou seja, para o ministrar de matéria.
O mesmo estudo apontava que 85% dos professores são de opinião que uma parte do problema assenta na não aplicação das sanções que a lê prevê por parte das direcções. O que nos leva a pensar que tal se fica a dever ao afrouxar do exercício da autoridade, talvez com receio de serem cognominados de autoritárias. E, como este poder não é realmente exercido, tal acarreta, pelos motivos óbvios, que, hierarquicamente, os que estão abaixo se sintam desautorizados e, muitas vezes, também releguem para segundo plano o dever de fazer cumprir as regras básicas de cidadania.
Ainda sobre o autoritarismo, abro um parêntesis para dizer que desde sempre – e ando nesta vida há 38 anos – adoptei um lema para com os meus alunos e para com os que foram e são meus subordinados: prefiro que me chamem mau do que acharem que sou um banana. Ponto final parágrafo!
Todos sabemos, independentemente de sermos ou não professores, que sem modos de ser e estar dentro e fora da sala de aula, não é possível construir uma sociedade de qualidade e/ou, dito por outras palavras, virada para o sucesso. Ora, isso só possível com o estabelecimento de regras claras e aplicação impiedosa da lei desde o primeiro dia que o aluno coloca os pés na escola.
Contudo, é bom relembrar que a escola é, essencialmente, um lugar de ensino. A educação dá-se em casa. Quem não compreender e, sobretudo, não aplicar este preceito não tem quaisquer direitos a falar sobre o presente e, principalmente, sobre o futuro deste país.
Aliás, deixem-me concluir com um desabafo. Como é possível haver pais, alguns até professores, que toleram, em casa e fora dela, aos filhos a recusa em comer este ou aquele prato; admitem um porte esparramado quando se refeiçoa, independentemente de terem ou não visitas; que permitem o telemóvel em cima da mesa quando se está a comer e, além do mais, consentem o atendimento de chamadas; que dizem sempre ou quase sempre sim, já que é muito mais difícil dizer não; que autorizam a permanência em frente do PC ou da TV durante horas e horas ou até imensamente tarde? Estes são apenas alguns exemplos, pois outros há tanto ou mais graves.
Claro que me irão responder que tudo é relativo e que os tempos mudaram. Pois, é com estes e outros argumentos, puramente falaciosos, que chegamos aonde chegámos. Os princípios da boa educação são imutáveis, remato eu.