Gosto e procurei sempre alcançar maiorias, mas detesto unanimidades. Sou dos pensam que quando estamos todos a rumar para o mesmo lado, não iremos a bom porto, por muito que a rapidez imprimida à travessia seja substancialmente maior. A “carneirada” jamais foi o meu forte. Adoro divergências, desde que não sejam fracturantes.
Todavia, na actual conjuntura, parece haver conformidade quase absoluta entre o governo e o Presidente da República (PR). Imensas vezes Marcelo Rebelo de Sousa faz de primeiro-ministro e vice-versa. Aliás, a propósito do que parece uma nova vaga da pandemia, ainda hoje o PR parecia o chefe do executivo, tal era a ênfase colocada na defesa da posição governamental.
Ora, quando numa democracia não existem pesos e contrapesos algo vai mal. Quem acabará por ganhar são os extremos. É dos livros e não há como fugir-lhe. Bem sei que Marcelo Rebelo de Sousa, uma vez que tem o PSD no bolso, quer fazer quase o pleno nas próximas eleições presidenciais, abarcando, por isso, também o PS. Arrisca-se, porém, a ver o Chega! e o BE crescerem para além da sua legítima representatividade, já que muitas pessoas existem que não se reveem neste novo centrão.