O governo prepara-se para cortar nos suplementos remuneratórios da função pública, algo que já vem com atraso de muitos anos. O documento com 91 páginas (!!!), publicado ontem no site da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), ilustra bem a quantidade de dinheiro - a maior parte supérfluo, gasto por uma casta privilegiada -, i.e., superior a 700 milhões de euros, chegando ao cúmulo de haver um adicional para motoristas que lavam os respectivos carros nas horas em que não conduzem.
A discussão ainda agora começou e, por isso, muita água vai correr debaixo das pontes até vermos quem perde os aludidos suplementos.
O certo é que, no caso concreto das direcções escolares, senão todas, pelo menos aquelas com maior visibilidade mediática, estão a ameaçar deixar o cargo no caso daquele suplemento lhes ser retirado.
Ora, se tal vier acontecer - o que, sinceramente, não acredito num único caso – duas situações se colocariam:
- Na maioria das escolas os docentes e não docentes agradeceriam;
- Não faltariam candidatos para o lugar, havendo mesmo alguns que não se importariam de pagar para ocupar tais funções.
Por último, é conveniente recordar que a grande quebra nos salários, ocorrida nos últimos anos, se verificou nos jovens quadros, os quais, na sua maioria, licenciados e que se encontram como assistentes e operadores disto e daquilo, os designados trabalhadores de 500 (euros). E mesmo os raros que conseguem emprego na sua área de formação vêm os seus salários rondarem os 800 euros, pelo que aqueles suplementos, não digo todos, mas alguns são um atentado à dignidade de tantos outros.