Depressões, stress, esgotamentos e doenças do foro psicológico são a maleitas profissionais do momento. O país assistiu nas últimas décadas a um crescimento explosivo destas patologias. E, apesar de ainda hoje, de acordo com dados oficiais, as doenças músculo-esqueléticas liderarem a tabela das principais causas de absentismo laboral, a manter-se a actual tendência acredita-se que até ao final da década as doenças psicossociais motivarão a grande maioria das baixas.
Por acaso ou não, o DN, na sua edição de hoje, afirmava que, "entre Outubro de 2010 e Janeiro deste ano, foram passados 70 031 atestados a professores, o equivalente a 514 mil dias de baixa. A situação foi detectada pela equipa de Isabel Alçada, a ex-ministra, tendo posteriormente sido aberto um inquérito pela Inspecção-Geral das Actividades em Saúde, tendo, até agora, sido instaurados 19 processos disciplinares pelo Ministério da Educação e um caso vai ser apreciado pela Ordem dos Médicos. A lista das baixas, 413 das quais assinadas pela mesma médica, já foi entregue ao Ministério Público".
Dando de barato que algumas destas baixas foram declaradas sem que houvesse qualquer razão plausível que as justificasse, também não é menos verdade que, a crescente competitividade entre docentes, a arbitrariedade manifestada por muitas direcções de escolas – veja-se a distribuição de serviço, horários e prebendas (projectos, não ocupações, etc.) distribuídas aos afilhados -, bem como a perda de autoridade dos professores que os sucessivos governos e, principalmente, gestões com fraco pulso promoveram, isto para não falar da agudização da crise económica, causaram perigosos indícios de stress e impulsionaram esgotamentos, os quais estão na base desta mudança no cenário das doenças profissionais.
Ora, o caso é tanto mais grave por se saber que o stress é apontado pelos especialistas como um dos principais factores desencadeador de acidentes de trabalho. Por outro lado, não desconhecendo o quanto é difícil a fiscalização destes tipo de enfermidade, travar este problema passa, antes de mais, por o prevenir. É, por isso, fundamental que as organizações em geral e as escolas em particular melhorem a sua tessitura, não bastando afirmarem que cumprem os regulamentos.