Sim, sabemos que, em termos de tamanho, “risco” é uma palavra curta. Todavia, ganha proporções hercúleas para todos aqueles que a vêem pesar-lhes sobre os ombros, sobretudo quando o infortúnio bate à porta. Tanto em matéria de saúde, como de habitação, laboral, automóvel, financeira, de negócio ou de qualquer outra ordem, a ausência de risco, a qual jamais é absoluta, é um valor imprescindível mesmo para os aventureiros mais afoitos.
Essencial em qualquer momento e circunstâncias da vida das pessoas, das famílias e das empresas, o passo certo, o caminho seguro torna-se, porém, ainda mais necessário em conjunturas de crise económica, como a que o país, em particular, e a Europa, em geral, atravessam actualmente.
A explicação é óbvia: é precisamente quando os cidadãos e as organizações se encontram mais debilitados e vulneráveis que mais necessitam de se precaver. Daí a poupança, o redobrar dos cuidados a todos os níveis e principalmente a procura de novas fontes de receita. E sendo importante o dinheiro a angariar, não é menos relevante a função social do trabalho. Podemos não aumentar de forma extraordinária o pecúlio, mas apenas o facto de sermos úteis socialmente, de não estarmos confinados a quatro paredes, chorando a sorte maldita, já é marcante. Sentirmo-nos vivos e úteis é primordial e significante.
Por isso não compreendo como é possível estarem vinte e quatro, repito vinte e quatro homens, alguns, é verdade, já reformados, numa bela tarde de sol a jogarem às cartas dentro de um café. Não quero emitir juízos de valor, mas com tanta terra em pousio, não seria melhor para eles – em termos de saúde, por exemplo – produzirem algo palpável? E já agora para o país, evitando a importação de tantos e tantos bens alimentares.
O risco de pouco ou nada ganharem é substancial. Todavia, a contrapartida que é real e nominalizante, deveria bastar para sairem dos cafés. Ah, como soube daquele número? Três horas a lavrar fizeram aumentar exponencialmente a sede. Daí o parar, por uns breves instantes, a fim de beber uma cerveja.