Sexta-feira da Quaresma. Sobretudo dia de abstinência, isto para não falar de jejum. Não caminhando pela segunda intenção, pelo menos que cumpramos - os que acreditam, claro está - a primeira.
Contudo, em terra de fortes carnes, onde o leitão é rei, comer fora neste dia e simultaneamente cumprir aquele preceito é tarefa quase impossível. Senão vejamos.
Encontrar peixe fresco em terras bairradinas é como procurar agulha num palheiro, que é como quem diz, quase impossível. Todavia - perguntarão os meus caros leitores -, o menu de qualquer unidade de restauração não indica também pratos de origem piscícola? Com certeza que sim, respondo eu, nem que seja à base do habitual fiel-amigo.
Ora, para quem, como eu, diz para si próprio, que bacalhau como em casa, como e quando quero, procura essencialmente outras iguarias tipicamente ectotérmicas. E, como não encontra, a refeição ressente-se e não pouco.
Sou daqueles que não se importa de pagar bem, desde que seja igualmente bem servido. Já cheguei a fazer centenas de quilómetros, sem sentir remorsos, com o fim de comer este ou aquele pitéu. Agora, como hoje, tentar tragar umas espetadas de lulas com gambas, as quais face à sua extrema rigidez e, ainda por cima, com ausência de qualquer sabor medianamente aceite, e cobrarem 17,50 € é demais.
Se voltar a acontecer, no mesmo restaurante, apostem que coloco a “boca no trombone”.