Trabalho onde trabalho e dou graças a Deus por isso. É verdade que não tenho a sorte de trabalhar numa das cem instituições para trabalhar em Portugal, nem tenho a felicidade de trabalhar numas das cem marcas mais valiosas do mundo.
Trabalho numa escola, com alunos que querem aprender, outros nem tanto. E tal como eu, existem milhares de pessoas que são felizes a fazer o que fazem e em prol de quem fazem: os futuros homens e mulheres deste país. Um trabalho muito desafiante, nem sempre recompensador, mas extremamente digno.
Hoje como sempre, ensinar significa que tanto podemos estar a trabalhar com um futuro pedreiro, como com um vindouro ministro, quiçá mesmo o futurível Presidente da República. Infelizmente, a ver pelos comentários de algumas pessoas que, com mais ou menos responsabilidade governamental, económica ou social e com maior ou menor conhecimento sobre esta temática, vão vociferando, parece-me que eu e todos os meus colegas de profissão somos o demónio da actual situação ou o cabo das tormentas de um modelo de emprego perfeito.
Enganam-se, pois não somos. Dêem mais meios à escola e, sobretudo, maior poder aos docentes, e foquem-se nos adamastores deste sector fulcral para o futuro do país. Quando olho para a maioria das escolas vejo um grupo de instituições cumpridoras, à margem de más práticas, a fomentarem o desenvolvimento, a cumprirem códigos de ética, a promoverem acções de responsabilidade social e a darem o seu forte contributo para que este país consiga erradicar um mal que, aparentemente, não tem fim nem melhoria à vista: a pouca instrução dos portugueses.