Todos os dias vemos novos nomes surgirem na praça pública implicados no caso “Panamá Papers”. Apesar dos nomes, até agora conhecidos, não nos causarem grande surpresa, estou plenamente convencido que grandes novidades estoirarão um dia destes. Dos nomes conhecidos, para mim, o mais estranho é Ilídio Pinho, riquíssimo empresário de Vale de Cambra, o qual patrocinou e patrocina uma fundação, com o mesmo nome, cujo cariz se encontra vocacionada para a promoção científica entre os jovens estudantes. Aliás, ainda há poucos anos uma nossa escola, aqui bem perto situada, recebeu justamente um prémio daquela instituição. Aqui para nós, que ninguém nos ouve, grande exemplo para os jovens!
Vamos, porém, ao cerne desta crónica. Antes que o meu nome salte para a ribalta, confesso que também tive dinheiro numa offshore criada através da sociedade de advogados, esses grandes impolutos e extremos dinamizadores da sociedade, Mossak Fonseca. Admito que, num momento de fraqueza patriótica, face à abundância de dinheiro que “ganhei” e/ou que “recebi”, me vi confrontado com o dilema: deixo tanto money neste rectângulo à beira mar plantado, sabendo que a máquina tributária praticamente lá vai buscar quase 50% ou consigo um mecanismo alternativo que me leve a nada declarar? Sim, porque eu sabia que, de vez em quando, havia de aparecer um RERT (Regime Excepcional de Regularização Tributária) que compusesse as coisas a nível fiscal. Foi o que aconteceu!
E, caros leitores, eis a verdade nua e crua. Por isso, quando virem o nome a abrir os noticiários televisivos e/ou a ser capa de jornal, já sabem que não tenho rabos-de-palha. Tive, sim, o dinheiro, e não era tão pouco quanto isso, numa offshore mas depois paguei todos os impostos devidos. Foi uma ninharia, mas paguei. E, ainda por cima, ninguém me perguntou como e onde obtive tal capital.