O regresso à ruralidade, aproveitando e valorizando os produtos endógenos, sempre fez todo o sentido para mim. Contribuir, na medida das minhas possibilidades, para o desenvolvimento desta micro-região, incrementar medidas contra os factores que, ano após ano, fustigam este território é algo que, em mim, é intrínseco.
A falta de cinema, de teatro, de espectáculos musicais e outras fontes de cultura, propicia a vontade de fugir. Porém, o apelo das raízes, a valorização daquilo que são as potencialidades desta região, ainda que alguns achem escassas, impelem-me a pensar que vale a pena aqui viver. Como costumo dizer, aldeão nasci, aldeão hei-de morrer!
Os fantasmas são imensos, começando pela falta de visão, o que consubstancia horizontes curtos. Por outro lado, igualmente os constrangimentos são muitos e há quem os defina muito bem, apesar de preferir enfrentá-los do que filosofar sobre eles. Porém, a identidade aponta-me um caminho, não muito promissor, é certo, mas seguro. O grande óbice é que poucos são aqueles que o querem trilhar.
Ideias não faltam. A ambição, mesmo nesta idade, ainda é competitiva e, presumo, de valorizar. A dicotomia entre o urbano e o rural nunca esteve tão esbatida como agora. Por isso, acredito que sozinho não ficarei.