Com algum alívio profético, nos anos 70 do século passado, Alvin Toffler fez alusão ao que iria acontecer. Assim, penso que pela primeira vez, referiu que futuramente a instabilidade, a transitoriedade e os limites da adaptabilidade seriam uma constante.
Pois, esses tempos chegaram, uma vez que, paulatinamente, assistimos à concretização desses conceitos. Tomámos como garantidos hábitos que nos eram agradáveis ao mesmo tempo que quisemos mudar, sem qualquer razão, as coisas em nosso redor: as referências, os valores, as necessidades, entre outras.
A tudo isto, em Portugal, acrescentámos inúmeras Reformas Educativas – quase tantas como o número de governos pós-74 – que, sucessivamente têm formado pessoas para o desemprego, fundamentalmente na última década, pelo seu desajuste face às necessidades do país.
A grande questão que se coloca é que as coisas mudaram: tornámo-nos impermanentes, cada vez mais transitórios e, ainda por cima, a nossa capacidade de adaptação, de certo modo, atingiu o limite.
Numa sociedade doente e, por isso, enfraquecida, o maior perigo assenta nos milhares e milhares de portugueses sem emprego. Para agravar, a maioria é constituída por pessoas com qualificações que já não são necessárias e, de certo modo, inconvertíveis. Assim, não admira ouvir dizer que a crise é principalmente social e esta é infinitamente mais preocupante que a económica.
Que alternativas? Infelizmente não tenho nenhuma varinha de condão. Mas quem sabe, em vez de vermos sempre o problema nos outros, começássemos pelo debate com a palavra “nós”?