O meu ponto de vista

Setembro 13 2021

Chove e chove bem. São bátegas de assustar. E o que troveja? Já não me recordo de sentir tantos e tão fortes trovões. Como não chovia, em termos dignos desse nome, vai para mais de três meses, este estado de tempo até nem é mau de todo. Se incomoda? Claro que sim, sobretudo para quem ainda está de férias e contava com mais uns dias de praia.

Agora mau, mas mesmo muito mau, é para quem tem vindima. Se é um serviço já por si pesado – não é cortar umas horas por puro divertimento e bucolismo; experimentem andar dias e dias e depois digam algo! – então a chover nem queiram saber quanto custa. Imaginem as vinhas de barro: a determinada altura as botas pesam toneladas, a capa para além de impedir os movimentos livres dos braços, ensopa devido à água que incessantemente cai e simultaneamente é um autêntico suadouro, face à ausência de respiração, os potes que para além das uvas, agora mais pesadas, enchem-se de água. Para agravar os tractores deixam de poder entrar na vinha, o que resulta o carreamento dos baldes ao ombro a longas distâncias.

Perguntarão: face ao temporal, não se pode adiar a vindima? A resposta é negativa. As caves marcam a data da colheita de uvas e adiando para uns teriam que ser adiados todos os seguintes e assim sendo não havia logística (particular e institucional) que resistisse.

E a qualidade? Por agora nada a lamentar. Tem menos grau? Hoje-em-dia não faltam soluções para tal. O problema é daqui a oito/quinze dias, i.e., quando as uvas começarem a apodrecer, tanto mais que chove com tanta intensidade que a película da uva já se está a romper. E contra a podridão? Pouco ou nada. A não ser suportar vinhos de menor qualidade.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:52

Janeiro 15 2018

Apesar de muitas vezes se ouvir dizer a propósito de qualidade “… não se canse que não vale a pena. Isso é uma moda e como tal há-de passar”, a experiência, todavia, demonstrou-nos que tal assim não era e a qualidade, ao contrário do que muitos previam, foi-se afirmando progressivamente como uma abordagem capaz de dar resposta ás necessidades das organizações e das pessoas, contribuindo significativamente para a melhoria do seu desempenho.

Contudo, no sector de ensino, os docentes questionam-se, hoje-em-dia, se de facto a qualidade continua a ser este meio de diferenciação, esta forma de agregar valor, capaz de se constituir como uma resposta eficaz em termos de futuro. Olhando para o passado, é possível perceber que os vários estádios de maturidade pela qual a qualidade no ensino foi passando – entrega, dedicação, controlo e, sobretudo, garantia de progressão – foram também formas cada vez mais abrangentes e pragmáticas de dar resposta aos desafios instrucionais que ao longo do tempo se foram colocando.

Ora, quando o Ministério da Educação dá, muito recentemente, instruções às escolas afirmando «no dia 1 de janeiro de 2018 é retomada a contagem do tempo de serviço para progressão na carreira» e que «continuam a ser descontados os períodos compreendidos entre 30.08.2005 e 31.12.2007 e de 01.01.2011 e 31.12.2017» é evidente que não está nada interessado na qualidade do ensino. Bem pelo contrário.

Como é evidente, também os sindicatos com o emparelhamento que têm feito com a tutela contribuem - e não é pouco - para o desbaratar da dita qualidade. Aliás, adianto que a posição destes me surpreende muito mais que a do ME. Este, sem força e muito menos com garra, dobra o joelho às Finanças. De outra coisa não estávamos à espera. Os sindicatos, porém, por quem acham que dobram os sinos?

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:27

Setembro 20 2014

Se algo existe de que gosto é da vida agrícola e, sobretudo, do amanho da vinha. A poda, a empa, a cava, os tratamentos fitossanitários, a maturação das uvas e, finalmente, a vindima, i.e., o produto derradeiro de um ano inteiro de canseiras.

Neste último passo se vê o como, o quando e o quanto se amou o terroir. Todavia, na qualidade das uvas, como todos bem sabemos, a natureza tem uma influência extraordinária.

Foi o que aconteceu este ano. Em virtude de um Inverno muito longo, o nascimento dos cachos foi tardio e, para agravar a situação, em quantidade inferior ao normal. No entanto, se o problema se quedasse por esta circunstância, estava neste momento a agradecer a Deus.

Infelizmente, os problemas continuaram e especialmente em Agosto, mês em que se fazem ou não os grandes vinhos, foi extraordinariamente ameno, isto para usar uma expressão benigna, uma vez que realmente foi um período de tempo em que as temperaturas ficaram sempre aquém dos 30ºC, havendo muitos dias em que a chuva foi companhia. Porém, o pior mesmo foi a intensa pluviosidade que neste mês nos inundou.

Em resultado, as uvas ficaram muito longe da sua plena maturação, pelo que o teor de açúcar era e infelizmente continua a ser extremamente baixo. Assim aconteceu com as uvas brancas, vindimadas a semana passada, cujo álcool registou, em média, dois graus abaixo e, não tenho a menor dúvida, nas tintas, a colher nos próximos dias, o caso será, pela amostra, ainda pior. E, com tanta chuva, começam a apodrecer, sendo caso, perdoem-me a expressão, para dizer “em cima de pontapé … coice”.

A viticultura é um projecto que nasceu comigo com a perspectiva de que o produto deixasse de ser uma commodity para passar a ser diferenciado e apreciado nos seus vários graus de qualidade, uma vez que actualmente as pessoas estão cada vez mais informadas e interessadas em relação aos vários tipos de vinho e suas origens.

Longe de ser uma obsessão, reconheço que tenho alguma vaidade na qualidade das uvas que produzo, um bem que este ano está muito longe do patamar que a mim próprio impus: importa muito pouco a quantidade, pois a qualidade deve estar sempre em primeiro lugar.

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:14

Março 30 2011

Como imensas vezes já tive oportunidade de referir, a qualidade é claramente uma das palavras-chave para se alcançar o sucesso. A oportunidade é muito importante, mas é, sem sombra para dúvidas, efémera. A qualidade, porém, sabemo-lo bem, é duradoura.

No sector de prestação de serviços, onde a educação se insere, o serviço ao utente – leia-se, essencialmente, aluno - deve conter uma característica fundamental de qualidade. A Escola deve oferecer, em prazos cada vez mais curtos, um serviço com mais atenção e um maior comprometimento com os resultados finais, entre muitos outros. Por isso, reputo de muito importante a adopção de políticas do tipo “em caso de falha, a culpa jamais poderá morrer solteira”, havendo, deste modo, lugar à responsabilização. São, efectivamente, uma garantia de qualidade para o utilizador e mobilizam a organização.

Num tempo em que se regista uma natalidade muito baixa, com a consequente escassez do número de discentes, o conceito “Word of Mouth” ou “Passa-Palavra” é uma das formas mais eficazes de marketing e captação de novos públicos. Cada aluno bem servido representa a possibilidade de obter vários outros.

Por outro lado, os meios de informação existentes alargam enormemente a possibilidade de partilhar boas experiências, seja através de blogs, sites na internet, entre tantos outros, tornando a qualidade cada vez mais importante. Nesta ordem de ideias, não se compreende a diminuta utilização destes meios por parte de algumas direcções de escolas. O que em tempos se dava a entender como tendo um futuro promissor, transformou-se, num ápice, em quase derrocada total. O retrocesso na implementação destas práticas, bem como o não aproveitamento do know how existente é, para além de vergonhoso, criminoso até.

Concluindo, pode-se (re)afirmar que a palavra qualidade no serviço ao utente tem, cada vez mais, de estar no centro da Escola. Quem o exige, acima de tudo, são os usuários, tanto os de hoje como os de amanhã. E, atenção, é também o nosso futuro, enquanto profissionais, que igualmente a impõe.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:25

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