
A bebé Matilde tem, e ainda bem, gerado uma onda de solidariedade por todo o país. Não há rede social onde não existam apelos mais ou menos veementes e pungentes para ajudar a aquisição do medicamento muito caro e que a pode salvar. A comunicação social em geral também não se tem ficado atrás e não existe serviço noticioso onde tal não é relatado ao mínimo pormenor. Eu próprio não fiquei imune à chamada.
Ora, de acordo com as últimas notícias os dois milhões de euros necessários já foram amplamente alcançados. Graças a Deus, acrescento eu. Conclui-se que a solidariedade, entre os portugueses, não é uma palavra vã.
Se até aqui, tal nos leva a erguer as mãos para o Céu, o caso poderá mudar de figura se se confirmar que o Estado suportará todas as despesas desde que o medicamente seja ministrado em Portugal, o que, de acordo com a farmacêutica proprietária da molécula inovadoríssima, não é problema.
Ora, este novo desenvolvimento levanta uma questão: o que fazer com os aludidos dois milhões? Segundo os progenitores da Matilde estes seriam canalizados para outras Matildes. Até aqui tudo bem, com é costume afirmar-se. Porém, escaldados como estamos de outros casos – vide incêndios de Pedrógão Grande, entre outros – é de temer o pior. Deus queira que não.
Por último, e voltando às redes sociais - não que seja um permanente utilizador, informo desde já -, tenho observado que pessoas existem que não se coíbem de divulgar a quantia e algumas chegam ao cúmulo de publicar o recibo da respectiva transferência. Chegados aqui, tenho de que afirmar, em tom peremptório, a minha contrariedade com tais posturas. Sempre fui ensinado que se deve fazer o bem sem olhar a quem, tal como a benemerência e/ou caridade deve ser o mais discreta possível. Já dizia Jesus Cristo, há dois mil anos, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita (Mateus.6:1-18).