Na última semana surgiram nas televisões ditas generalistas – seja lá o que isso significa e, apesar do teor depreciativo, sabendo, de antemão, que são as de maior audiência –, programas que têm levantado extraordinárias celeumas e motivo para enormes, pelo menos em termos palavrosos, artigos de opinião.
Como os meus caros leitores já perceberam, refiro-me a “Quem quer namorar com um agricultor”, transmitido pela SIC e “Quem quer casar com o meu filho”, este da autoria da TVI. Todos estes programas foram êxitos em variadíssimos países e, por isso, não admira a enorme audiência entre nós.
É telelixo? Não há a menor dúvida. Que tanto os homens como as mulheres que se prestam a participar nestes reality shows não ajudam na elevação de quem quer que seja também é uma verdade inquestionável.
Agora, o que também é verdade é que, como o nosso bom povo costuma dizer, quem não gosta coloca de lado. Hoje-em-dia a maioria dos lares possuem, felizmente, muitas outras opções de escolha televisiva. Mesmo aqueles que não são subscritores de qualquer canal por cabo tem outras possibilidades. Não gosta, muda de canal. Diga-se, também em abono da verdade, que ouço muita gente a dizer que não os vê e a condená-los veementemente, mas as audiências provam o contrário. A não ser que sejam os espanhóis a vê-los, não encontro outra explicação. Isto lembra-me sempre as telenovelas. Ninguém as vê, mas não é por acaso que os ditos canais de televisão investem tanto em tais produtos.
Eu, pessoalmente, não gosto e, por isso, não vejo. Mudo de canal e ponto final. Como acima escrevo, é evidente que isto vale o que vale. Todavia, uma coisa é certa: censura prévia não. Não é que ache ser admissível a transmissão de tudo e mais alguma coisa. Porém, a não ser algo que ofenda a ética, a educação e os conceitos morais da maioria dos portugueses, sou de opinião de que não se deve proibir só porque é politicamente correcto.