O meu ponto de vista

Janeiro 08 2019

transferir.jpg

Ontem, no meu entendimento, a despropósito e sem necessidade, Marcelo Rebelo de Sousa interrompeu uma reunião para ver um pouco do novo programa de Cristina Ferreira, tendo-lhe, inclusive, telefonado parabenizando-a. Que haja selfies, beijinhos e abraços a todos e mais alguns, vá lá que não vá. Agora dando a primazia a uma apresentadora, por muito sucesso que tenha, já é demais. O alto cargo que ocupa também deve ser sinónimo de alguma prudência e, sobretudo, recato.

Hoje, por outro lado, ouvi uma senhora a queixar-se que a sua pensão era pouco mais de 260 €, tendo acrescentado que se não fosse a ajuda do marido morria de fome. Presumo que não saiba o significado de demagogia, mas que a exerceu lá isso é verdade. É que deliberadamente esqueceu-se de referir que jamais descontou, durante toda a sua vida activa, um cêntimo para tal fim.

Por último, ouvi a notícia, no Portugal em Direto da RTP,  que uma câmara do norte do país, salvo erro Paredes, inaugurou um complexo desportivo com piscina, sauna, massagem e jacúzi. Volto a repetir: piscina ainda compreendo. Contudo, as restantes valências a cargo de uma autarquia? A sério? O dinheiro dos contribuintes aplicado em massagens, sauna e …? A seguir, vão inserir-se no ramo do comércio a retalho, restauração, reparação automóvel, entre tantos outros?

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:05

Setembro 07 2016

Anuncia-se, para o próximo ano, um aumento do salário mínimo, bem como das pensões mais baixas. Ideia justíssima, que ninguém desdenha, havendo apenas a ausência de resposta a uma questão de suprema importância: onde buscar dinheiro para tal? Aliás, a CGTP, hoje mesmo anunciou que não fica por aqui nas suas reivindicações, i.e., solicitou um aumento geral dos ordenados na ordem dos 4%.

Voltando à questão levantada, começa a falar-se que para a resolver o ideal é alterar-se o escalonamento do IRS. Dito por outras palavras são necessárias medidas adicionais que aumentem a receita. E, por falar nesta, só que com outro sentido semântico, a receita é sempre a mesma: a classe média irá, mais uma vez, pagar a factura. É simples e, como se dizia há uns bons anos, dá milhões.

Como é evidente isto terá que ter um fim. Um dia destes a corda rebenta. Ai rebenta, rebenta!

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:20

Outubro 07 2013

Novas medidas de austeridade são anunciadas. Nada que não estivéssemos à espera. Era só necessário que as eleições autárquicas se realizassem para que o anúncio surgisse à luz do dia. Às pinguinhas, como convém, para não assustar a “maralha”.

E o que salta à vista de todos resume-se em três pontos: escassa planificação, má comunicação e, sobretudo, falta de união.

O governo vai apresentando medidas como sendo as únicas com pendor salvífico. Até aqui tudo bem, pois, na ausência de melhores ideias, há que acreditar no que se propõe. Falta explicar, porém, o porquê das decisões, o contexto da aplicação e como aquelas contribuirão para a retoma.

Aos portugueses é pedido insistentemente que suportem o aumento de impostos, mas não lhes é apresentado os benefícios que, a longo prazo, advirão de tais sacrifícios. As medidas têm sido pouco explicadas, provocando o sentimento de que as decisões não têm por base um carácter construtivo, ao mesmo tempo que são penalizadoras para os cidadãos, uma vez que o desconhecimento sobre os benefícios inibe a acção.

Por outro lado, não existe um forte sentido do dever na sociedade civil. Jamais conseguiremos ultrapassar os desafios sem atingir um consenso sobre como e quando agir para impulsionar a economia. Veja-se, por exemplo, o caso da Irlanda: um país também intervencionado pela troika e sujeito igualmente a um duríssimos pacote de austeridade. Contudo, os players aceitaram as decisões do respectivo governo e assumiram um espírito de união. Como resultado, vemos a recuperação económica, aliás a uma velocidade maior do que a esperada.

Em Portugal é ao contrário. Por isso, infelizmente, caminhamos muito mais para nos aproximarmos da Grécia do que evoluímos para uma situação semelhante à irlandesa. Observe-se o caso das pensões de sobrevivência: é natural um viúvo ou viúva com uma pensão própria de mil, dois mil euros ou mais e receber outro tanto porque a esposa ou o marido faleceram? Que não se corte nas pensões de viuvez abaixo dos 600 euros estou totalmente de acordo. Agora acima?

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:07

Agosto 08 2013

Aí estão eles, novamente, a provocar o alvoroço do costume. Ainda não há muito deram brado e fizeram sair à rua gente (in)suspeita de dizer publicamente o que quer que fosse. Alguns com razão, é certo, e muitos outros sem ela, proclamando aos quatro ventos toda uma demagogia e verborreia populista digna de figurar nos anais da má conduta e ausência de ética.

Como já suspeitaram, estou a falar dos cortes de 10% nas pensões e reformas previstos para o próximo ano.

Sendo uma realidade indesmentível que os cortes dos funcionários no activo, quer sejam do sector privado ou público, têm sido constantes e de montante bem superior àqueles, manda também a verdade dizer que, por solidariedade e/ou compreensão com a grave situação económica do país, não têm levantado grandes obstáculos à sua aplicação.

Ora, a que propósito é que os pensionistas e reformados, com menor despesa dos trabalhadores no activo – poupança em combustível, alimentação, vestuário, entre outros gastos – não hão-de também contribuir para a saída do atoleiro em que todos nos encontramos? E não me venham com a léria – perdoem-me a expressão chã - de que têm de sustentar filhos e netos, uma vez que os que ainda se encontram a alombar diariamente com o trabalho que executam igualmente têm descendentes e com muito mais encargos. Apenas este exemplo: qual o pensionista que ainda tem filhos a estudar, seja na escola ou na universidade?

Apesar de saber que 80% dos pensionistas e reformados, devido aos seus baixos rendimentos, estarão isentos daqueles cortes, não posso, todavia, calar o meu grito de revolta – não, não estou a exagerar – por ver os magistrados e os militares livres destes. Ah, juntam-se os diplomatas, mas é apenas para compor o ramalhete.

Bem conhecemos os verdadeiros motivos: os magistrados para não impedirem a prossecução de algumas duvidosas medidas governamentais, e quantos aos militares … Bem, aqui é conveniente não enfrentar quem tem as armas. E não nos venham atirar areia para os olhos, pois factos são factos e contra estes não existem argumentos que os possam contrariar. Sempre quero ver se os juízes do Tribunal Constitucional, tão lestos a contrariar a ausência de equidade nos outros, se prontificam a dar o exemplo em causa própria.

Já agora, soube-se que os detentores de subvenções vitalícias, i.e., aquelas que os políticos, de uma forma despudorada, aprovaram para si próprios, também estão isentos daqueles cortes. Fundamento: tais rendimentos não são considerados pensões ou reformas, mas antes um complemento aos rendimentos. Imaginem os nomes que, mentalmente, lhes estou a chamar. Lamento apenas não os poder transcrever aqui. A decência impede-me.

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:16

Julho 08 2013

Duvido que haja alguém que não tenha razões de queixa relativamente ao momento que atravessamos. Todavia, sendo certo que a maior parte das responsabilidades assenta e muito bem sobre os ombros dos maus políticos que, pelo menos, nos últimos vinte nos governaram, também não é menos verdade que alguma culpa nos cabe, uns mais que outros, mas ninguém está isento.

Nas duas últimas décadas, por exemplo, os níveis de poupança em Portugal têm decrescido, quer ao nível dos indivíduos e famílias, quer ao nível das empresas. Os portugueses aumentaram a sua qualidade de vida devido aos apoios do Estado e à mudança do sistema bancário. No entanto, hoje enfrentamos o desafio de uma mudança de paradigma no que diz respeito à refundação do Estado social.

Há muito que se concluiu que o suporte social não é eterno nem inesgotável, como se pensava há uns anos atrás. Esta situação é acentuada pelo aumento da esperança média de vida, a qual, de acordo com os últimos dados do INE, é de 82,3 anos para as mulheres e de 76,4 para os homens, o que diga-se, desde já, é uma enorme injustiça (!!!). Ora, esta alteração está a provocar a inversão da pirâmide etária, com todos os inconvenientes daí advenientes.

Todos estes factores estão interligados e contribuem para uma menor capacidade da Segurança Social, sendo que o aumento da idade de reforma, só por si, não é suficiente para inverter este estado. É público, segundo os estudos, que o sistema de previdência deverá entrar “em falência” em 2020, apesar de, pessoalmente, acreditar que será antes, caso não se tomem medidas para retornar a situação. Mas mesmo que estes estudos estejam correctos, isso quer dizer, mesmo assim, que será dez anos antes do inicialmente previsto, e que os portugueses correm o sério risco de ficar sem reformas daqui a seis ou sete anos.

Face a este cenário, em que se torna evidente que as reformas não estão asseguradas na sua totalidade, o normal seria que encetássemos uma aposta muito séria na poupança. Todavia, com os cortes nos ordenados e o aumento dos impostos quem consegue, hoje em dia, poupar o que quer que seja?

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:30

Maio 13 2013

Começo, com toda a sinceridade, a estar cansado, até ao cotulo da cabeça, desta questão dos reformados e pensionistas. Esta coisa de uns irem para o desemprego, outros diminuírem-lhes, ano após ano, o salário, enquanto aqueles acham que o seu pecúlio é intocável é uma grande chatice, para não dizer que é tudo uma enorme m…

A última que descobriram é de morte. Então, não é que acham que a reforma é igual à propriedade privada e, por isso, inviolável? Esquecem-se, porém, que o dinheiro, para as suas reformas, vem do meu bolso, pelo que, nesta ordem de ideias, o meu ordenado é propriedade deles e não minha. Olhem para a lógica, ou melhor, para a lata destes tipos!

Será que, honestamente, conseguirão responder às seguintes questões: e o meu ordenado também não tem as mesmas prerrogativas? Ou será que apenas eles têm barriga? E os desempregados, para além de terem direito a um emprego, pode-se-lhes cortar o respectivo subsídio ou mesmo terminar com ele?

Já agora, recordando que muitos deles se encontram reformados aos cinquenta e poucos anos, com pensões bem altas, será que me podem dizer, com toda a segurança, quando me reformarei e com que montante? Se não sabem, respondo eu: será aos 66 anos, no mínimo, e com um valor incomparavelmente menor do que actualmente auferem. É justo?

Argumentam que muitos deles são o sustentáculo de filhos e netos. Bem sei que alguns são e serei o último a negar tal. Contudo, indago: e nós? Não o somos em primeiro lugar? Quem acode em primeiro lugar aos seus descendentes? Não serão os pais? Sim, porque quem está no activo, descontando para todos aqueles, também tem filhos. Ou, esquecem-se disso?

Depois vem o Paulinho das “Feiras” dizer que não admite que se crie um cisma grisalho. Oh pá, ofereçam-lhes um frasco de tinta, mas não permitam que os sacrifícios não sejam repartidos por todos. É que se assim não for, até me apetece dizer que mais parece que uns são filhos da mãe e outros da dita cuja …

publicado por Hernani de J. Pereira às 14:09

Fevereiro 21 2013

Existem aqueles que dizem haver assuntos que lhe tiram o sono, enquanto outros afirmam, sobre os mesmos assuntos ou outros, que dormem bem, apesar de pouco. Há, ainda, aqueles que promovem o entendimento, sabendo lidar mesmo com pessoas difíceis, sendo capazes de aperfeiçoar as suas capacidades atractivas, merecendo, por isso, a confiança dos outros. E não nos podemos esquecer dos que conseguem diariamente superar as dúvidas, vencer a ansiedade, compatibilizar amor e trabalho e, sobretudo, possuir a resiliência necessária para enfrentar os problemas.

No fundo, não passam de modos distintos de estar na vida.

Voltando ao tema de dormir bem ou não, quem não deve conciliar bem o sono é Jardim Gonçalves que, desde Dezembro de 2007, recebe mensalmente 167.650,70 euros através do fundo de pensões do BCP, acrescido de carro e motorista, segurança privada e avião particular para deslocações.

Como é possível nos dias de hoje, em que quase um milhão – há quem diga que este número peca por defeito – de portugueses estão desempregados, em que um em cada quatro está abaixo do limiar da pobreza, em que são cada vez mais os cidadãos a sobrevirem à custa da caridade e da solidariedade alheia, haja alguém que consiga dormir o designado sono dos justos levando ao final do mês aquela quantia, acrescida das restantes mordomias? Será que não tem consciência de que tal, para além de eticamente reprovável, é moralmente injusto? Ou será que, por pertencer à Opus Dei, doa a maior parte dos seus proventos para que esta instituição possa manter os seus caros colégios e residências universitárias elitistas? Todavia, mesmo que assim proceda, continua a ser altamente condenável.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:40

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
Abril 2025
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5

6
7
8
9
10
11
12

13
14
16
17
18
19

20
21
22
24
25
26

27
28
29
30


arquivos

Abril 2025

Março 2025

Fevereiro 2025

Janeiro 2025

Dezembro 2024

Novembro 2024

Outubro 2024

Setembro 2024

Agosto 2024

Julho 2024

Junho 2024

Maio 2024

Abril 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

pesquisar
 
blogs SAPO