É por demais sabido e todos já compreendemos que legalmente o PCP tem todo o direito de efectuar o seu congresso, juntando centenas de pessoas, senão milhares, no mesmo espaço. Ponto final parágrafo.
Todavia, uma coisa é a legalidade outra é a ética. Não é por acaso que também é do conhecimento geral que nem tudo o que é legal deve ser feito. Momentos, situações existem que levam a que o bom senso nos obrigue a não realizar ou adiar isto ou aquilo. É a experiência de vida que nos ensina tal.
Depois há a questão do exemplo. Quando a esmagadora maioria dos portugueses não pode sair de casa, existem uns tantos e quantos privilegiados que se podem movimentar, do Minho até às ilhas, a caminho de Loures. É evidente que o PS também não sai bem desta história. Se legalmente nada pode fazer, em privado (e não só) poderia e deveria dizer algo. No entanto, a aprovação do Orçamento de Estado falou mais alto. Não é verdade? Mas que parece, parece. E em política o que parece é!
Com isto procuro transmitir que não bato nem baterei no “ceguinho”. O PCP acha que deve realizar o dito evento? Que o faça e com bom proveito. A única atitude que exijo aos comunistas é o de arcar com todas e quaisquer responsabilidades, tanto mais que se trata de realizar um evento num dos concelhos com risco muito elevado, repito, muito elevado, de transmissão do Covid-19.
Façamos, agora, o seguinte exercício, a título meramente exemplificativo: A Igreja Católica decidia marcar uma celebração em Fátima onde eventualmente estariam o mesmo número de pessoas que irão encontrar-se em Loures, apesar de garantir, tal como aquela força política, as mesmas regras de sanidade pública. Uma coisa seria certa: cairia o Carmo e a Trindade. Não haveria jornalista/comentador e achista de vão-de-escada que não proclamasse aos quatro ventos cobras e lagartos, aludindo à inexistência de sentido de responsabilidade.
Por fim, o Chega!. Pode e tem alguma razão em determinados temas que aborda. O mais idiota dos homens, uma ou outra vez, é capaz de dizer uma verdade ou, vá lá, uma meia-verdade. Porém, neste campo é pleno populismo e completo aproveitamento político. Ainda há pouco tempo – não foi há meses, foi há poucas semanas - realizou um encontro/jantar (político) num hotel (de luxo) no Porto, onde estavam todos sem máscara e em pleno convívio social, portanto bem mais perigoso, em termos de contágio, que o próximo congresso do PCP. Quem tem telhados de vidro não atira pedras.