Apesar de nos parecer o contrário, o Inverno é também tempo de mudança. Já na sua recta final, começam a surgir as primeiras flores, as mimosas mostram todo o seu amarelo esplendoroso e nos dias em que o sol brilha – reconheço que têm sido poucos – nota-se um novo perfume no ar. A terra exala um outro aroma e espera ansiosamente por renovadas culturas.
A evolução da estação não é fortuita. Afinal, esta quadra, marcada por chuvas e ventos fortes, é necessária e vem reclamar ao homem o que realmente é seu por direito divino, isto para quem é crente.
É chegado o momento para afinar estratégias. Os dias de bom tempo estão para chegar pelo que há que preparar atempadamente o que se fazer com esses dias, especialmente aqueles que da terra retiram o pão-nosso de cada dia.
Todavia, não é somente o sector agrícola que terá de se preocupar com novas e arrojadas estratégias. Os políticos – falo sobretudo daqueles que compõem o designado arco do poder, i.e., representam cerca de 85% da população – têm obrigatoriamente de analisar, decidir e, principalmente, explicar aos portugueses, sem delongas, repito, sem mais delongas, como vai ser o pós-troyka e não deixar para depois das eleições europeias esta temática. Bem sei que eleitoralmente é mais favorável estar mudo e quedo. Mas não é isso que se exige a políticos que se dizem responsáveis e andam com as palavras “interesse de Portugal” constantemente na boca. É sua obrigação esclarecer, não deixando qualquer margem para dúvidas, se seremos ou não sujeitos a novos cortes.
E atenção: dispenso aumentos de rendimentos, seja por via de salário ou descida de impostos, uma vez ter plena consciência da enorme fragilidade da nossa economia, apesar das ténues luzes que começam a brilhar. Mas se não quero mais dinheiro, igualmente rejeito liminarmente novos sacrifícios, os quais maioritariamente recaem sobre os mesmos de sempre.