O meu ponto de vista

Abril 03 2019

A tendência crescente para, a todos os níveis, se passar de um extremo ao outro, i.e., de uma situação onde tudo se paga para a disponibilidade quase gratuita será incomportável e dificilmente produzirá os resultados esperados. Recordo a saúde, o ensino, a justiça e agora os transportes, onde se exige tudo ao preço da chuva, esquecendo que até esta é rara e cada vez mais apetecida.

A primeira vítima será certamente a qualidade, tanto por falta de meios que garantam esta minimamente aceitável, como por estar arreigado a ideia de que tudo o que é grátis não é apreciado.

Indo ao exagero, para uma melhor compreensão, suponhamos que a governança torna todos os seus activos gratuitos. Ora tal, para além de os desvalorizar, hipoteca o futuro a curto prazo e, sobretudo, a médio e a longo. Responder-me-ão que tal se pode contrariar caso se verifiquem fortes e constantes investimentos por parte do Estado, opção que na conjuntura actual parece pouco provável. Não nos podemos esquecer que Mário Centeno não larga “o suculento osso” que é os 0% de défice para o corrente ano, ou mesmo chegar a superavit no próximo.

Face à evidente depreciação de quanto custa os serviços prestados pelo Estado, a propensão será para exigir mais e mais, querendo simultaneamente pagar fiscalmente cada vez menos. Com o ultrapassar, então, o mais que certo estrangulamento. É urgente efectuar a imediata definição política e integrada de objectivos e prioridades. Por outro lado, é também obrigatório exercer uma política pedagógica explicando que é impossível ter tudo e para todos totalmente grátis. Aliás, nem nos regimes colectivistas tal é possível, pois mesmo nestes existem sempre uns que são mais iguais que os outros.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:28

Dezembro 05 2016

O que está na ordem do dia, desde há várias semanas, é a questão da administração da CGD. Sinceramente, já não existe pachorra para tanta incompetência e desleixo, sobretudo da parte governo, o qual após ter nomeado e feito, à socapa da lei, um acordo com António Domingues, lava agora as mãos como Pilatos.

Por isso, vou falar do Orçamento de Estado para 2017. Este, sim, afecta a vidinha de todos e mais ou menos – bem visto é mais – nos vai aos bolsos. Não é de esperar que este documento estruturante, fundamental da política do Estado, venha a trazer um contributo significativo para o desenvolvimento económico. Pelo contrário, o aumento da despesa pública não é, per si, gerador de investimento nem sequer garante que venha a concorrer para ele. As designadas gorduras do Estado encarregam-se de se acoplarem com tudo ou quase tudo.

Do lado dos impostos, nenhum impacto virá da descida destes, tanto mais que isso não se verificará. Bem pelo contrário. Nesta matéria, o factor decisivo é, antes, o clima de confiança interno e externo, ou seja, a criação da convicção dos potenciais investidores nacionais e estrangeiros de que que vale a pena apostar em unidades produtivas no nosso país. Ora, só para citar alguns exemplos, quem olhar para as declarações do BE e do PCP, notará que não existem boas perspectivas de curto ou médio prazo.

Por isso, digo e reafirmo que primeiro temos que levar a cabo uma autêntica reforma do Estado e equilibrar as contas públicas. Só depois, se o trabalho for bem feito, haverá condições para um crescimento sustentável da economia com reflexos positivos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:39

Novembro 18 2016

Uma das notícias de ontem prendia-se com o reforço de equipamentos para as polícias deste país. Um dos jornais de referência titulava que “multas vão ajudar a pagar obras, tecnologia e material das polícias”. Quer isto dizer, numa linguagem muito terra-a-terra, que se as nossas forças de segurança, vulgo PSP e GNR, querem ter melhores quartéis, tecnologias informáticas actuais e automóveis que andem, para não falar noutros bens, só lhes resta uma solução: andarem 24 sobre 24 horas na rua à caça do condutor incauto.

Pouco importa a ladroagem, as malfeitorias, os desacatos na via pública ou em casa, bem como outros crimes similares, pois estes não dão direito a multas e, nessa ordem de ideias, não geram receitas. Pior ainda, acarretam despesas.

No fundo é uma maneira encapotada de aumentar o orçamento das forças de segurança. Os nossos impostos e taxas apenas servem para alimentar a já obesa máquina estatal. Quando esperamos que sirvam para a educação, saúde, justiça e outras questões sociais, entre as quais a nossa segurança, não. Esta última recebe umas migalhas e se quer mais que, como se costuma dizer meio a sério, meio a brincar, que os respectivos profissionais vão para a estrada.

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:10

Fevereiro 11 2016

O Orçamento de Estado para este ano, como é do conhecimento público, andou, entre Lisboa e Bruxelas, autenticamente em bolandas. Foi lastimável ver a roda-viva, a azáfama, bem como o contorcionismo de Centeno e António Costa, de modo a agradar a gregos e a troianos, sabendo que os gregos eram o PCP e o BE e os troianos os técnicos da Comunidade Europeia.

Isto de não deter o controlo das variáveis – neste caso controlamos poucas ou nenhumas – atenta contra todos os racionais de prudência, planeamento e planos de contingência. Toda a gente teve e tem opinião sobre as consequências de ter acontecido x ou y e, por isso, não me vou deter na minha, pois não a tenho por fechada. Todavia, quer tenha sido x, y ou z, sei que estamos em maus lençóis. Somos o elo mais fraco, apesar de nos colocarmos internamente em bicos de pés e bradarmos contra as intransigências. Esquecem-se de quem deve tem …

Passámos de um país agrícola para um país de serviços, sem alguma vez termos sido um país industrial. A agravar a situação, temos sindicatos obsoletos e irrealistas, os quais não passam de meras correias de transmissão de estruturas partidárias e/ou vice-versa. Temos ainda universidades que “dão” falsos diplomas, suportamos falências fraudulentas de bancos e a nossa economia, como é óbvio, está frágil e, infelizmente, pelo andar da carruagem, não se esperam melhorias. Em suma, qualquer corrente de ar pode despoletar uma “pneumonia”.

Tudo isto vai parar o ciclo de empregabilidade, uma vez que o receio é paralisador. Não será ao mesmo tempo, mas pouco a pouco as empresas irão perceber que o perigo está iminente e que o resgate pode regressar. Terão a noção de que, como um “papão”, as tesourarias irão estrangular de novo e que mais um ou dois bancos vão fazer correr muita tinta.

Para já, os juros da dívida aumentaram para cima de 100% e os mercados fazem ressoar estrondosamente campainhas de alarme.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:51

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