O meu ponto de vista

Janeiro 24 2017

Já o outro dia aqui falei sobre o papel de Marcelo Rebelo de Sousa na vida política actual. Convenhamos que a ninguém convém um Presidente da República (PR) apático, introvertido, sorumbático, queixando-se de tudo e de todos, parecendo que nada deve a quem quer que seja, mas que todos lhe devem algo, em suma, fechado entre as quatro paredes do seu Palácio, à semelhança da Rainha de Inglaterra. Não, repito, não é isso que os portugueses esperam de um PR, tanto mais que é eleito por sufrágio directo e unívoco por todos nós, o que lhe dá uma legitimidade acrescida.

Todavia, uma coisa é alguém apático e sobrecarregado de um simbolismo já balofo e em desuso. Outra, porém, é um PR travestido em primeiro-ministro, intervindo em áreas da competência exclusiva do executivo, com a agravante de se colocar de um dos lados da contenda política em que a democracia, tal como o ocidente a concebe, é rica e em permanente acção.

O PR deve, como a Constituição preconiza, ser um árbitro e jamais um jogador de uma das equipas, por muito que uma delas tenha o poder temporário de gerir os destinos dos portugueses. Ora, na entrevista que domingo p.p. deu à SIC, o Presidente da República ao apoiar as mais recentes medidas governamentais, ao elogiar as mais variadas acções promovidas pela “geringonça” – minoração do défice, reforço da concertação social, descrispação, diminuição do desemprego, reestruturação pacífica da dívida, entre outros – está, como é claro, a colocar-se de um dos lados da barricada, tanto mais que existem muitos portugueses a pensar que tais medidas não são assim tão favoráveis como se apregoa. Bem pelo contrário.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:03

Janeiro 11 2017

Ouço certas pessoas, algumas verdadeiramente sociais-democratas, a solicitar que Pedro Passos Coelho faça uma oposição frontal e constante à geringonça governamental. Tenho respondido que reclamar é fácil: basta abrir a boca e fazer força, como se dizia antigamente. O certo é que com um executivo que governa para o imediato, satisfazendo, não importa como, as clientelas mais exigentes e com um Presidente da República que tem horror ao choque de ideias, que dá tudo para o não surgimento de conflitos - recordam-se das presidências abertas de Mário Soares em que o confronto era constante e verdadeiramente assumido como combate político? -, como se poderá ser mais assertivo e eficaz em termos de oposição?

Nos tempos que correm, adoraria ver propostas de outras pessoas, quer sejam barões ou não, do principal partido da oposição. Mas alvitres fundamentados e que mobilizassem a opinião pública e, sobretudo, que fossem do agrado dos opinion makers, já que são estes que condicionam e muito aquela.

Só que com o estado da governação é extremamente difícil que isso aconteça. Isto não quer dizer que tudo vá bem e que a paz (podre) dos anjos que vivemos sirva os superiores interesses do país. Bem pelo contrário. Contudo, as coisas são como elas são e, segundo parece, a maioria do povo gosta deste foguetório.

Todavia, todos sabemos que muitas vezes - e a história dos partidos está repleta de casos dessa natureza - basta mudar o líder, o qual até poderá não trazer de nada de novo em termos de ideias e projectos, mas o novo nome e outras caras chegam para catapultar o partido para patamares bem superiores.

Não será, com toda a certeza, o milagre da multiplicação de intenções, mas poderá ajudar. Quem sabe?

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:48

Junho 15 2015

Os mais atentos sabem que a taxa de desemprego em Portugal atingiu, nos inícios de 2013, o recorde de 17,8%. No entanto, daí para cá e, sobretudo, nos últimos meses, tem vindo a registar uma ligeira mas constante descida, de tal modo que, presentemente, se situa na ordem dos 13%. Ainda é alta, é certo, mas registe-se o decréscimo.

Não é, pois, de estranhar que se questione a sustentabilidade desta descida. Em matéria tão estruturante na sociedade e com tamanho impacto na vida das pessoas importaria, para além de tudo, a verdade. Enquanto o governo enfatiza a descida, incluindo uma conferência de imprensa de Paulo Portas, primeiro-ministro para o mini-governo CDS-PP, e defende a sua sustentabilidade – termo muito em voga ultimamente -, a oposição, a começar pelo PS, ou não lhe dá relevo ou até chega ao cúmulo de negar a sua existência.

Creio, pessoalmente, que a verdade se encontra algures no meio, aliás como sempre. Na verdade, tem-se verificado uma certa reanimação do mercado interno e das exportações, o clima económico e o índice de confiança dos consumidores melhoraram e algumas políticas activas de emprego tiveram impacto.

Isto explica alguma absorção do desemprego, mas convenhamos o seguinte: a saída de mão-de-obra jovem para o estrangeiro irá continuar; muitos trabalhadores encontram-se empregados em tempo parcial; outros desistiram de procurar emprego; outros, ainda, foram as próprias estatísticas, refazendo os respectivos critérios, que os eliminaram.

Uma coisa é certa: a redução sustentada do desemprego será sempre ancorada no investimento e crescimento económico, sobretudo privado, apoiada na formação e requalificação, com benefícios decorrentes de uma mutação da gestão organizacional das nossas empresas.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:08

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