A audição de Ricardo Salgado, o ex-DDT, que é como quem diz Dono Disto Tudo, na Comissão Parlamentar que investiga a gestão e queda do Grupo Espírito Santo(GES), de que fazia parte, de entre outros, o ex-BES, hoje Novo Banco, é - literalmente – de rir até às lágrimas.
Se o assunto não fosse tão sério e se não estivessem em causa tantas e tantas famílias que, de um momento para o outro, perderam as poupanças de uma vida, assim como a fuga e a lavagem de capitais, bem podia ser objecto de um filme cómico.
Como ontem se viu, e hoje se confirmou, Ricardo Salgado(RS) durante todos anos de crise e sobretudo durante os largos meses que levaram à falência do GES nada viu, ouviu e disse. Já agora, como aliás também ficou patente, teve raiva a quem viu, ouviu e disse.
De acordo com as declarações de RS, este sempre foi estranho em tudo o que aconteceu nas múltiplas empresas financeiras e/ou bancárias do GES. A culpa foi sempre dos outros. No BESI e na ESFI foi do contabilista. No BESA foi de Álvaro Sobrinho. No BES foi do Banco de Portugal, da CVMM, da crise e do governo. E por aí adiante.
Numa direcção fortemente centralizada, em que a peça chave, como todos bem sabemos, era RS, este vir afirmar que tudo passou à sua margem, é gozar com os portugueses e fazer de todos nós autênticos totós. O papel de vítima assenta-lhe muito mal.
É evidente que esta Comissão Parlamentar, tal como qualquer outra, não tem quaisquer poderes criminais e, por isso, a minha esperança é que a justiça venha, mais cedo ou mais tarde, a funcionar.
Antigamente, essencialmente nos livros e/ou filmes policiais, o principal suspeito era sempre o mordomo. Ora, num tempo em que estes são praticamente inexistentes, temo que a culpa de todas estas falcatruas acabe por recair, quanto muito, no porteiro, já que sobre o motorista(!!!) estamos falados.