Em tempos já longínquos o Norte era constituído por alguns casos de riqueza, de opulência até, de um património histórico e geográfico ímpar e, acima de tudo, caracterizado por encantos e recantos de admirável beleza. Em muitos dos seus lugares - em cada rua, esquina ou largo – respiravam-se valores nobres e erguiam-se majestosos edifícios.
Descontando a uberdade monetária, no concerne ao outrora edificado, o mesmo ainda se conserva em relativo bom estado, proporcionando-nos o prazer de uma visita demorada, personalizada e o mais luxuosa possível.
Todavia, das suas admiráveis paisagens, infelizmente, não podemos dizer o mesmo, pois pouco mais resta que vestígios, reduzidas que estão a meros quadros cinzentos. Os fogos têm-se encarregado de as destruir, mercê de mãos criminosas, dizem uns, de incúria dos proprietários, afirmam outros, ou de desleixo governamental, acusam os restantes.
Por isso, torna-se urgente a sua reabilitação.
Ora, para que tal se concretize é absolutamente necessário dinheiro. Mas como se poderá concretizar tal ditame se, ainda hoje, se soube que o Governo desviou para cima de 154 milhões de euros de fundos comunitários das regiões mais pobres para os aplicar em Lisboa?
Quando para além destas adversidades, acrescentarmos o encerramento de tantas e tantas unidades hospitalares e de ensino, muito superior a qualquer outra região do país, bem como as contrariedades inerente à interioridade, será que nos podemos admirar da consequente desertificação?
Nunca advoguei a regionalização. Contudo, este e outros casos semelhantes levam-me a considerar que talvez seja a altura de mudar de opinião.