O meu ponto de vista

Março 16 2011

Existem tempos para nos perdermos, tal como existem outros para nos encontramos. Este é um em que, por mais tentadoras que sejam as sugestões mundanas, as características do dever, do despojamento e consequente doação devem prevalecer e, sobretudo, deixar marcas indeléveis.

Bem sabemos que existem sempre solução abertas, que é como quem diz “tipo fato à medida do freguês”. E sendo certo que continuamos a possuir o poder de escolher e, fundamentalmente, de fazermos as mudanças que entendermos, também não é menos verdade que o empenho e a qualidade, que obrigatoriamente devemos imprimir à realidade do nosso quotidiano, não dispensam a demanda de novos modos e, acima de tudo, o percorrer de trajectos de inovação que levem à construção do Homem Novo.

Quaresma! Tempo de meditação no exemplo de Jesus Cristo. Este tempo, o qual não é compatível com todas as condições e dimensões em que o homem é pródigo e que possui especificidades muito próprias, é apropriado à renúncia.

É, pois, com este propósito que, até à Páscoa, tão regularmente quanto me for possível, aqui colocarei algumas passagens do Novo Testamento, tentando, com as mesmas, fazer a ponte com o que sucede no dia-a-dia.

LUCAS 11: “Ai de vós, fariseus, que amais os primeiros assentos nas sinagogas, e as saudações nas praças. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que sois como as sepulturas que não aparecem, e os homens que sobre elas andam não o sabem. E, respondendo um dos doutores da lei, disse-lhe: Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a nós. E ele lhe disse: Ai de vós também, doutores da lei, que carregais os homens com cargas difíceis de transportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais essas cargas” (negrito meu).

Estas santas e sábias palavras trazem-me à memória as muitas e diversificadas situações que ocorrem no nosso país, umas mais distante, outras mais próximas. Recordo, por exemplo, a questão das actas – principalmente no que concerne à pseudo-correcção -, assim como os inúmeros documentos que nos obrigam desnecessariamente e incompreensivelmente a preencher, como é caso paradigmático as fichas-relatório sobre as NAC. É que, sobre estes dois casos, entre muitos outros que poderia citar, pode-se dizer, sem receio de ser desmentido, que, relativamente aos infaustos autores, também eles nunca suportaram aquilo que obrigam os outros a carregar.

Já agora, e ainda no que concerne a esta papelada, que tanta celeuma tem dado, aposto que ninguém terá coragem de levar tal assunto ao Conselho Pedagógico, apesar de alguns dos seus membros em reuniões mais restritas se terem manifestado veementemente contra.

Contradições incompreensíveis? Talvez não!

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:17

Dezembro 13 2010

É um dado adquirido e reafirmá-lo é repetir uma verdade lapalaciana: o dinheiro é importante mas, como se costuma dizer, não traz felicidade … No entanto, que ajuda e ajuda muito é algo indesmentível.

Contudo, felizmente, existe uma percentagem apreciável de pessoas dispostas a não pensar unicamente em dinheiro para a sua satisfação, quer seja no âmbito pessoal, quer seja - principalmente aqui – no campo profissional. As aspirações com a sua satisfação pessoal, bem como o usufruto do melhor bem-estar possível encontram-se na primeira linha das suas preocupações.

Bem sabemos que a conjuntura é adversa. Por isso, desafios e projectos aliciantes são objectivos que, tal como a boca necessita de pão, uma vida com qualidade almeja.

Porém, o que diariamente vemos? Para nosso desagrado, observamos, a cada momento, uma ausência de espaço para o essencial, roubando-nos a resiliência para podermos, com deleite, contribuir profissionalmente e familiarmente para a nossa felicidade. E não culpemos apenas os outros. Mais: não apontemos constantemente a responsabilidade às instâncias máximas, quer elas sejam nacionais e/ou regionais, pois muitos dos que nos estão próximos, numa óptica de mais papistas que o próprio Papa, denotam secretos prazeres em nos afogar administrativamente no preenchimento deste e daquele documento, em nos solicitar aquele requisito, em nos exigir a demonstração daqueloutra valência, entre tantas outras provas e testemunhos.

Como é evidente, todas elas ocupam-nos horas e horas, afastando-nos do que é mais importante: o trabalho directo com os alunos e a disponibilidade para nós e para as nossas famílias. E bem sabemos que se esta retaguarda falha, por mais profissionais que sejamos, aquele torna-se ineficaz.

Já não nos chegavam as reuniões intermináveis, onde, em muitas delas, a maior parte do tempo apenas se discute o sexo dos anjos, os mais diversos testes - com cotação (!!!) - que se têm de realizar, as actas de dez ou mais páginas, todas vistas à lupa por alguém que parece não ter mais nada que fazer, relatórios que praticamente ninguém lê e muito menos dá relevo, planificações que, mais tarde, os dias de “tolerância” obrigam a uma “ginástica” extraordinária para cumprir, critérios para isto e para aquilo, requisições, etc., etc., para agora também nos exigirem autoavaliações para tudo e para nada, incluindo as NAC.

Atente-se, por outro lado, que a maior parte desta burocracia não emana do estipulado em forma de lei, mas sim apenas da cabeça de meia dúzia de iluminados, sendo que a maior parte destes, por força dos cargos, estão dispensados de a executar.

O que nos resta, perguntarão os leitores. A resposta só pode ser uma: fazer somente o que a lei determina. Nada mais.

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:37

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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