De modo algum quero subverter estereótipos e muito menos negar a história. Todavia, muito gostava de provocar uma percepção sintonizada mais com a intempestividade da imaginação do que com as consensualidades tradicionalistas. Bem sei que me falta jeito e arte, mas, por outro lado, muito adorava aprender dos caminhos que percorro a identidade e a alteridade, as quais, como é conhecido, se encontram mutuamente implicadas.
Também não é menos verdade que, por muito que grite, muito pretendo valorizar a vida silenciosa, a paciência subterrânea e a alternativa da contemplação, a alma invisível. Não sou, infelizmente, referência de um território geográfico e jamais serei definição histórica de uma comunidade, por muito que seja simbólica. Igualmente me faltam quesitos para uma plena cidadania activa, génese de originalidades múltiplas, cosmopolita e experimental, centro de atracção e irradiação. Não é por não tentar, é por não poder.
É precisamente pelo que no meu passado permanece activo e operante que continuo a crescer e a robustecer-me. Não à velocidade que desejaria, mas à possível. Todavia, o presente e sobretudo o futuro não irá dar sequência ao irrealizado no passado. Quanto muito tentará compreendê-lo, mas sem entrar em paranóia, género microcosmos denso e esclarecedor.