Ouve-se com frequência pessoas, da mais diversa índole, proclamarem aos quatro ventos “tenho a minha consciência tranquila, não devo satisfações a ninguém, nada devo a quem quer que seja, sou independente, não dou ouvidos aos que os outros dizem de mim, não falo da vida de ninguém e por isso não admito que tagarelem sobre a minha, a opinião dos outros não me interessa, o que tenho para dizer digo-o de frente e jamais pelas costas, a verdade, doa a quem doer, para mim é fundamental e, por isso, abomino a mentira, a cobardia é execrável e, assim sendo, é uma palavra que não consta do meu dicionário”.
Ora, manda o rigor dizer que, num momento ou noutro, todas as pessoas, sem excepção, têm a consciência pesada, calam-se quando deviam falar e vice-versa, a cobardia é mais frequente que o desejável, mentem amiúde, falam dos outros pelas costas, a opinião pública e, sobretudo, a publicada é-lhes muito importante, em que coragem dá lugar ao medo, fazendo das tripas coração para não ficarem mal na fotografia e, para não me alongar, nem sempre foram autónomas.