Como a maioria também não gosto do artigo de Maria de Fátima Bonifácio, publicado no Público da semana passada e que tanta celeuma tem gerado. Só que não vou tão longe nos reparos e não serei acintoso como foram muitos daqueles que, publicamente e apenas publicamente, rasgaram as vestes de indignação, só faltando pedir o regresso da Inquisição para que aquela historiadora fosse imolada pelo fogo.
O aludido texto começa bem para terminar pessimamente. Troca os pés pelas mãos, não fundamenta e, ainda por cima, faz generalizações extremamente perigosas. Todavia, por muito que me desagrade, jamais me passou pela cabeça proceder a qualquer tipo de censura prévia. Aliás, o aludido escrito se mais não serviu, pelo menos originou discussão o que já por si é salutar e, por isso, com algum mérito. Muitos dos que a criticaram semeiam - senão diariamente, quase – pela nossos media palavras atrás de palavras, das quais, na esmagadora maioria das vezes, apenas resulta um enorme bocejo.
Aquilo que os comentadores e políticos, bem instalados na vida, se esqueceram de dizer é que, apesar de baterem no peito e gritarem aos setes ventos a sua extrema amizade e admiração por negros e ciganos, jamais moraram perto destes, casaram ou partilharam uma refeição. E se alguma vez o fizeram, tal foi a título excepcional e com intuitos meramente políticos. O politicamente correcto faz autênticos milagres.
Por exemplo, nas campanhas eleitorais visitam os bairros onde estas minorias vivem, labutam e sobretudo padecem. Porém, quando as câmaras de TV se desligam zarpam o mais rápido possível, voltando para os seus bairros mais ou menos chiques, não se esquecendo de se lavar muito bem, quando chegam ao jacúzi das suas vivendas e/ou apartamentos.