Escrevo este texto antes da chegada de Angela Merkel a Portugal e, por isso, sem ter conhecimento das repercussões que a mesma gerou. Bem sei que falar neste momento das relações entre Portugal e a Alemanha é como levar para cima da mesa algo tipo caldo azedo. Existem muitos sound bites no ar, frases feitas, por um lado, de uma enorme demagogia, e, por outro, de enorme ignorância.
O certo é que se perguntarmos a qualquer continental sobre a dívida da Madeira, poucos haverão que não digam que é uma pouca vergonha, que assim não custa fazer e mostrar obra, pois sabem, de antemão, que são os outros a pagar a factura. Agora, caro leitor, peço-lhe que faça um pequeno exercício de memória e raciocine como qualquer alemão sobre a dívida dos portugueses. A resposta é só uma: dirão o mesmo que dizemos sobre os madeirenses. Querem obras, consumo igual aos países ricos do norte da Europa e um regime social com enormes regalias – educação e saúde gratuitas, justiça ao preço da chuva e pensões altas -, entre outras mordomias? Se sim, então paguem tudo isso com o vosso suor.
E não me venham com a conversa da treta de que trabalhamos tantas ou mais horas que os alemães. É que uma coisa é estar no local de trabalho, outra bem diferente é produzir. E, digo novamente o que já aqui repeti por várias vezes: a nossa produtividade em comparação com os países da Europa do norte e, sobretudo, com os alemães, que é o caso em questão, não tem comparação.
Já agora, uma vez que neste fim-de-semana, se falou, muitíssimo e mais uma vez, de romper o acordo com a troika, atrevo-me a perguntar: e depois como viveríamos? Como seriam pagos os ordenados dos funcionários públicos, as pensões e os subsídios? E com que dinheiro adquiríamos o petróleo, matérias-primas para a indústria que não possuímos e outros bens de primeira necessidade?
Como bem sabemos, se tal ideia fosse avante – o diabo seja cego, surdo e mudo - os proponentes de tal, outrora designados como pais dos povo, guias de radiantes amanhãs que eternamente se cantariam, seriam os primeiros a regalar-se e nada lhes faltaria. E o resto da população? É que já vimos este filme variadíssimas vezes e com remakes efectuados em todos os continentes.
Adenda – Vistas as manifestações nos diferentes telejornais, estas, afinal, não passaram de ajuntamentos de poucas dezenas de pessoas, prova evidente que os portugueses sabem o que verdadeiramente conta.