Época natalícia. Tempo de amor por excelência. Infelizmente, também altura para muita e muita hipocrisia. Pessoas existem que apenas se lembram dos mais carenciados por estes dias. A única doação que fazem, tanto de si como o de que possuem, é momentânea, exterior, sem lastro na alma, não chegando a ser sequer como o relógio parado, já que este duas vezes ao dia dá horas certas.
Natal e família ligam muito bem. Porém, não poderá haver união destas apenas por ocasião da consoada. Dir-me-ão que mais vale uma vez por ano que nenhuma. Sim, é verdade. Todavia, não deixa de ser uma contradição, já que o conceito de família se deve exercer, senão todos os dias, muitas vezes ao ano e não apenas pela Natividade de Jesus, por festas e funerais.
O consumismo associado ao Natal é outra das chagas que nos devassa e corrói. Para que servem prendas e prendas, dadas a todos e a tudo o que mexe, sobretudo às crianças? No dia seguinte, uma parte substancial é esquecida, votada ao abandono, olvidada no canto mais obscuro de qualquer armário ou sótão. Não digo metade, mas bastava que uma pequena parte deste dinheiro fosse canalizado para quem passa fome, frio ou vive na solidão, para que o Menino Jesus voltasse a sorrir, hoje, amanhã e além.