O meu ponto de vista

Junho 18 2023

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Soube-se por estes dias que até 2025 a Suécia vai afastar todos os sistemas informáticos das suas escolas. Ou melhor: retira-os aos alunos, desde o primeiro ciclo até ao secundário. Este país, pioneiro na digitalização do ensino, tendo arredado das escolas por completo os livros em papel, chegou à conclusão que os seus jovens sofrem de uma forma acentuada de iliteracia, i.e., não sabem ler e muito menos escrever manualmente.

Nós, ao contrário, acentuamos cada vez mais a dependência da nossa juventude pelos meios digitais, como é exemplo gritante, pela sua extraordinária aberração, as provas de aferição do 2º ano. Quando estes discentes ainda se encontram numa fase em que o exercício contínuo da sua manualidade é fundamental, o que faz o Ministério da Educação? Oferece-lhes computadores e obriga-os a fazer provas em formato digital.

Já agora uma pergunta: qual a razão por se ter acabado com as cópias e os ditados no 1º ciclo? E a questão dos significados e respectiva consulta do dicionário?

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:21

Dezembro 13 2022

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O Ministério da Educação recentemente divulgou os resultados das provas de aferição realizadas no final do ano lectivo transacto. E, pasme-se, apesar destas provas se realizarem após dois anos em que os alunos, pelo menos durante algum tempo, estiveram em casa, i.e., tiveram ensino à distância, a performance académica destes aumentou. É caso para repetir “só contaram para você”!

Ora, das duas uma, ou melhor, das duas, duas: ou as provas foram extraordinariamente fáceis e/ou os critérios de correcção eram tão latos que a ordem deveria ter sido para aproveitar tudo e mais alguma coisa.

É evidente que houve também uma imperiosidade em transmitir uma leitura política da situação. A primeira prende-se com o facto de não ter sido fundamental a ausência, durante praticamente o ano inteiro, de docentes nas escolas; a outra pretende dar a entender que os professores e os alunos estarem na escola – no sentido físico – é despiciendo.

Já gora, com resultados tão bons, o porquê de se ter dado ordem às escolas para organizarem estratégias de recuperação de matérias dadas nestes dois anos em durou a pandemia?

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:49

Dezembro 15 2020

Isto anda tudo louco. Numa altura em que se pede insistentemente que não haja ajuntamentos e/ou concentrações, permite-se estender o primeiro período até ao próximo dia 18, o que leva com haja reuniões de avaliação até ao final do dia 23. Como é evidente, imensos docentes existirão que no dia 24, véspera de Natal, ainda têm documentação para entregar – actas e respectivos anexos, fichas de última hora para preencher, assinaturas, etc., etc.

Pergunto: quando é que estas pessoas terão tempo para fazer compras, ainda que escassas, e preparar a ceia de Natal, mesmo que minimalista? Os centros comerciais vão entupir? Ai vão, vão. Os números da Covid-19 começarão a disparar antes do Natal? Com toda a certeza.

É certo que em Julho, aquando da elaboração do calendário escolar, não se podia prever o estado actual da pandemia. Todavia, para casos excepcionais, medidas extraordinárias. Justificava-se plenamente, desde há semanas, a saída de um despacho declarando o encurtamento do actual período. Por exemplo, as aulas terminariam hoje, dando tempo suficiente para que as avaliações decorressem esta semana. Assim, os docentes e não docentes, bem como os respectivos familiares directos, teriam tempo suficiente para preparar o mais condignamente possível, sem correrias e atropelos, esta tão importante festa familiar.

A Alemanha, com muitos menos casos que nós por 100 000 habitantes, já encerrou as escolas. Mas isso são os alemães que são doidos, responderia o ausente Tiago Rodrigues Brandão.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:40

Maio 29 2020

O debate político tem sido uma miséria confrangedora. Então a nível de educação nem é bom falar. A pandemia tem destas coisas. Ataca também a nível das ideias e, consequentemente, o nível baixa assustadoramente.

Veja-se, por exemplo, o que se passa a nível da Comissão Parlamentar da Educação. Salvo raríssimas e honrosas excepções, a esmagadora maioria dos deputados daquela, em termos de conhecimento real das questões candentes da educação, é de uma pobreza aterradora. Uns, meros políticos, mais ou menos de carreira, formados nessa grande escola que é a “Jota…”, outros “simples” professores seguidistas, os quais nem na sala de professores das escolas por onde passaram alguém deu por eles e os demais de igual ou pior jaez. Não admira que até Tiago Brandão Rodrigues, sem dúvida um dos piores ME do pós 25 de Abril, faça um figurão quando vai a uma sessão da aludida Comissão.

Mas não são apenas os políticos que são devastadoramente maus. Os jornalistas não lhes ficam atrás. Novamente ressalvando uma ou outra excepção, a generalidade arrasta-se pelos corredores dos poder, bajulando tudo o que lhes cheira a poder manter o tacho. Jornalismo de investigação está morto e enterrado. O Sexta às 9, a Ana Leal e outros casos servem para nos mostrar o quanto isto é verdade.

Viram os Prós e Contras da noite da segunda-feira p.p., na RTP? Não? Também não perderam nada. Como se pode organizar uma discussão – revolução digital no ensino - sem a presença daqueles que efectivamente estão no terreno, i.e., os professores? Convidam-se duas directoras de escolas, as quais não dão aulas, um secretário de estado e outro membro, todos desligados da realidade do E@D. Resultado: muitos sorrisos, alusões a sucessos inauditos, imensas loas mútuas, para concluírem que vivemos no melhor dos mundos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:49

Maio 06 2020

O nosso jornalismo, salvo raras e honrosas excepções, anda pelas ruas da amargura. Redige-se mal, cometem-se as maiores loucuras gramaticais e, sobretudo, coloca-se todo o gato-pingado, mal saído dos bancos da escola, a escrever sobre tudo e sobre nada. Querem dois exemplos: o DN e o Observador de hoje, copiam de uma circular do ME – culpa, máxima culpa - e ditam que a reabertura de aulas presenciais, a ocorrer no próximo dia 18, será com “um aluno por secretária e …”. Ora, é por demais sabido que, hoje em dia, nas salas de aulas não existem secretárias, mas sim mesas, incluindo a do docente, a qual, e muito bem, é igual à daqueles.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:30

Janeiro 17 2020

O Ministério da Propaganda, perdão da Educação, anunciou que os professores com mais de 60 anos podem deixar de dar aulas, ficando a desempenhar outras actividades. Antes de mais, deixem-me dizer, desde já, que não acredito na concretização de tal medida, a qual, por agora não passa de mera intenção. A ir para a frente, seriam muitos milhares de professores a necessitarem de serem substituídos e isso, como bem sabemos, representa muitos milhões. Ora, o “Ronaldo” das Finanças não estará, certamente, na disposição de abrir mão destes. E ele é que manda, ainda que digam que menos que antes. Lá iria por água abaixo o superavit que tanta almeja.

E se eu estiver enganado? Suponhamos, então, que a breve prazo o ME produzirá legislação com vista a colocar em prática a aludida medida. Vamos por uma vez, sem exemplo, acreditar na “bondade” dos ocupantes da 5 de Outubro.

E, a ser verdade, repito, como se efectivará tal propósito? Os docentes nessas condições passariam a estar em ocupações de alunos, bibliotecas, salas de alunos, de tarefas e de apoio, bem como nos clubes da mais variada natureza? E isto só para citar alguns exemplos, pois bem sabemos como a criatividade nas escolas, sobretudo neste âmbito, é extraordinária. No fundo passariam a ser pau para toda e qualquer colher, i.e., uns meros tapa-buracos, uns professores faz-de-conta, sem autoridade, mas com muita responsabilidade.

Assim sendo, se for essa a decisão de Tiago Brandão Rodrigues, esse sim um verdadeiro faz-de-conta, então, desde já, declaro a minha recusa. Prefiro mil vezes ser professor de turmas indisciplinadas, ministrar aulas, muitas vezes, sem as mínimas condições, suportar burocracias que não lembram ao Diabo, vergar-me a decisões superiores, algumas delas ao arrepio do mínimo direito de justiça, presenciar reuniões atrás de reuniões onde se chega a discutir o sexo dos anjos, mas onde possuo autoridade – pelo menos aquela que me deixam ter - e sentido do cargo inerente, do que ser um pau-mandado deste ou daquele.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:55

Dezembro 04 2019

Ontem foram dados à estampa os resultados da edição 2018 do, em tradução livre, Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). E, tal como se suspeitava, deu jeito para tudo e, sobretudo, para todos. Tendo sido o penúltimo realizado em 2015, este, de certo modo, versa sobre a implementação das políticas educativas do anterior governo (2015-2019), já que o actual, apesar de ser mais do mesmo, ainda não produziu nada.

Que continuamos numa curva ascendente ninguém tem dúvidas. Todavia, há um senão. No que concerne às Ciências, estas denotam um decréscimo nos respectivos resultados. Se até aqui nada de alarmante há a registar, o caso muda de figura quando nos deparamos com as declarações do (não)ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues.

O ainda ME, desenvergonhadamente, mas sem reivindicar o contínuo êxito em Matemática e Literacia – era o que mais faltava -, não se conteve de remeter o insucesso de Ciências à acção governativa de Nuno Crato. É de bradar aos céus.

Como se sabe o ex-ME implementou uma política de rigor, essencialmente a nível de Matemática e Português, com a introdução de exames, nestas disciplinas e noutras, em todos os finais de ciclo. Daí não nos admirarmos do sucesso nestas. Se continuasse a governar, a maioria das pessoas está convencida que a ascensão de todas as áreas seria possível, uma vez que os exames se estenderiam à generalidade das disciplinas.

E o que fez o actual ME? Acabou, pura e simplesmente, com os exames, com excepção do 9º ano. E mesmo neste será para acabar com a intenção de transitar todos os alunos. Oxalá esteja enganado, mas com esta política facilitista, onde a preocupação economicista é premente, os resultados em 2021 serão bem piores.

Finalmente uma palavra para quem merece. Independentemente dos políticos ou da ausência deles, o certo é que tais resultados se devem aos alunos, mas também aos professores que, por muito que seja maltratados – o actual e anterior governo PS é o paradigma disso mesmo - não desistem.

publicado por Hernani de J. Pereira às 13:39

Novembro 13 2019

Existe uma enorme carência de auxiliares nas escolas? Bem, não é verdade, diz o cientista e (não) Ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues. Mais: mesmo que fosse verdade, a culpa será de todos os outros, “sobretudo dos directores de escola que não lançaram os concursos atempadamente”. Palavras daquele. Aliás, os dirigentes escolares são uns madraços, uma vez que o ME lhes dá tudo, a tempo e a horas, e recebe em troca apenas maledicências. Se não fosse por certas coisas, o melhor eram demiti-los a todos e nomear boys and girls de uma cor que todos sabemos e que bem sabem erguer o punho fechado.

O Secretário de Estado da Energia, João Galamba, vai a Boticas e tem de fugir com o rabo entre as pernas, uma vez que os habitantes, quais broncos e incultos, não se deixam convencer da extrema bondade da exploração de lítio, cuja concessão mineira foi entregue a uma empresa de socialistas e constituída três dias por amigos seus. Mas, para não variar, tudo isto acontece – afirmou aquele – “por culpa do governo de Passos Coelho”, como depois deste não tivesse governado mais alguém.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:58

Outubro 15 2019

O próximo governo, hoje apresentado, por António Costa, ao PR será, desde 1976, constituído por mais ministérios e, consequentemente, com maior número de secretarias de estado. Se isto, já de si, é muito mau, péssimo, péssimo é a sua constituição.

Mais do mesmo é o que se ouve comumente. Se até agora se levavam familiares para os mais diversos gabinetes, agora não será necessário. Elevam-se a ministros e secretários de estado e … assunto resolvido.

Então, no que concerne à Educação – para mim será sempre Ensino – é a prova mais que provada que o PS, ao manter o não-ministro Tiago Brandão Rodrigues, decidiu continuar a desvalorizar por completo este importantíssimo sector do Estado. Lamento dizê-lo, mas trata-se de um político que nada sabe sobre a área que tutela, ou melhor, faz que tutela, e, ainda por cima, sem qualquer força a nível governamental.

Sinceramente, não é desilusão, pois para a ter era necessário acreditar em algo de bom que viesse deste campo. Assim, é somente tristeza por constatar a enorme incerteza que o futuro nos trará.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:32

Maio 16 2019

O ME, Tiago Brandão Rodrigues, já se assumiu como defensor radical da luta dos professores. Bem, foi o que se viu. Estamos falados. Ponto final parágrafo.

O actual secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, e putativo candidato a novo mandato, foi um encarniçado lutador em prol da defesa dos direitos dos professores, isto tendo em linha de conta os primeiros tempos de Maria Lurdes Rodrigues e, sobretudo, durante o “reinado” de Nuno Crato. Hoje, após ter apoiado a geringonça, ter tecido os maiores encómios ao ainda ME, e depois de ter sofrido a maior derrota, deixou-se de greves e deu ênfase a uma nova forma de luta: convocação de comícios/manifestações designados de indignação. Antevejo um belo funeral, porque se não estamos em luta pelo menos de luto permanecemos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:36

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