As recentes eleições presidenciais em França provaram, e que as próximas legislativas confirmarão, é que a esquerda, sobretudo o PS, está em queda livre. Não há ponta por onde se lhe pegue. O próprio Manuel Valls, ex-primeiro-ministro francês de um governo socialista, afirmou que “o PS está moribundo, quase morto, necessitando urgentemente de uma redefinição e principalmente de uma refundação”.
Os tempos de incerteza que faziam dos tempos vindouros aliados indispensáveis, acima de tudo para combater a instabilidade, há muito que foram chão que deu uvas. Para agravar, não deixam de levantar desafios acrescidos nas relações que se hão-de estabelecer entre as forças partidárias, ditas de esquerda, e os cidadãos.
A extrema-esquerda, liderada por Jean-Luc Mélenchon, não sabe o que fazer aos cerca de 20% dos eleitores que, de certo modo, ainda lhe são fiéis, como ficou amplamente provado no domingo passado, ao não se atrever a indicar o seu sentido de voto. É o reverso da moeda espelhado na contracção económica, no aumento do número de refugiados, na insegurança, na islamização que invade as ruas e bairros franceses, entre outras causas.
O aumento de encargos, as pressões fiscais, bem como os escândalos dos políticos, atingem níveis insuportáveis para muitos. A precariedade laboral e social, a retracção nos investimentos e o receio geral perante a ameaça, sempre presente, de maior austeridade no futuro levam a que os cidadãos repensem as suas prioridades.