Nos tempos que correm podemos de todo dizer que nada é como antes. Momentos em que se parava para literalmente nada fazer é coisa do passado. O dia ou a noite, os dias de trabalho ou o fim-de-semana, o emprego ou o que se faz no Verão, sinónimo de férias, são praticamente iguais, sem direito a paragens ou quebras, principalmente nalgumas actividades.
Todos estamos à distância de um telefonema, de um email ou de uma notícia que nos sobressalta e nos faz acordar para a crua realidade. Bem sabemos que a adversidade não tem horas de lazer e muito menos tira férias, o que, por consequência, acarreta um alerta quase constante com evidentes prejuízos para o nosso bem-estar.
É compreensível para todos que a culpa não é apenas das organizações, sejam elas estatais ou privadas. Os actuais desenvolvimentos tecnológicos, aos quais queremos sempre aderir e de preferência aos de última geração, significam que estejamos constantemente online, sendo muito fácil sucumbir à tentação de consultar o correio electrónico e, deste modo, realizar o que, muitas vezes, por esta via, nos é solicitado.
Por outro lado, quantos de nós – eu pecador me confesso – não estamos dependentes dos nossos smartphones e notebooks? Quem, hoje-em-dia, não leva o seu PC portátil para férias ou para um simples fim-de-semana?
Já não bastava a praga – sim, muitas vezes o é (!) – da televisão, para ainda estarmos constantemente pespegados no computador ou tablet, consultando a internet ou outro assunto qualquer. Não quero dizer que estas TIC não possuam virtualidades, umas vez que as têm e são por todos reconhecidas. O problema assenta na dependência.
Por isso, não admira a falta de diálogo nas famílias, onde os progenitores geralmente vêm televisão e os filhos escrevem mensagens no telemóvel ou no Facebook. Daí a saudade pela ausência dos longos serões passados em amena cavaqueira durante a frescura de uma noite de Verão ou à lareira nas noites gélidas do Inverno.
No fundo, queixamo-nos de quê? Só se for de nós próprios!