O meu ponto de vista

Setembro 03 2020

O que entendemos por educação? A primeira ideia que nos vem à mente é algo que mais diz respeito ao ensino do que à educação propriamente dia. Assim, não obstante o ambiente mediático que rodeia o tema, este continua embrenhado numa terminologia um tanto ou quanto opaca e, por vezes, pouco acessível. Dizem-nos os estudiosos que na sua génese estão os sistemas ciberfísicos, compostos por elementos emocionais com o intuito de controlar o conhecimento.

Todavia, mesmo antes do “produto”, tal como hoje o conhecemos, existir, já havia educação e esta, de modo mais ou menos autónomo, sempre geriu a sua construção, comunicando através de sistemas “inteligentes”. Conseguiu-se, desta forma, “fabricar”, com a flexibilidade e eficiência necessárias, a educação cada vez mais personalizada que os “clientes” exigem.

Vem este arrazoado a propósito da frequência da “disciplina” de Cidadania e Desenvolvimento. O ME através do seu ideólogo de serviço, de sua graça João Costa, secretário de Estado da Educação, argumentando que aquela faz parte do currículo do ensino básico e secundário é, por isso, obrigatória, tal como Matemática, Inglês ou outra. Adianta que não é permitido a escolha de um currículo, género à la carte, e que de outro modo, abrir-se-ia um precedente, chegando-se ao cúmulo de um dia destes, um discente dizer que não queria o ensino de, por exemplo, Português, História, etc.

Falaciosamente, aquele governante esquece-se de que a leccionação de Matemática, Físico-Química, entre outras, quer seja por um docente de direita ou de esquerda, terá de ser sempre da mesma forma. Não há volta a dar-lhe. Outra coisa bem diferente é a ministração de Cidadania e Desenvolvimento. Qualquer pessoa sabe, sem margem para dúvidas, que a leccionação de tal pode ser ideologicamente enviesada, pois o próprio exercício da cidadania é distinto para um docente do BE e do Chega!

Chegados aqui só resta uma solução: revisão do currículo, retirando esta pseudo-disciplina ou, então, conferindo-lhe carácter facultativo.

Os pais e encarregados de educação devem ser completamente livres na escolha da educação que querem para os seus filhos e educandos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:19

Janeiro 19 2019

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A avaliação externa das escolas, que começou a ser feita em 2006, vai entrar no seu terceiro ciclo. E, além de alargar o leque de estabelecimentos abrangidos, o Ministério da Educação pretende também renovar os critérios e a metodologia em que esta se baseia. O objetivo, segundo João Costa, Secretário de Estado da Educação, é tentar acrescentar aos indicadores tradicionais outros que permitam perceber melhor como as escolas funcionam e de que forma isso se reflete nos alunos: "Não me interessa saber se o aluno teve excelente nota se ele não tiver aprendido o que devia aprender", ilustrou, acrescentando que "índoles que afunilam a prática para a procura de um resultado" podem ter consequências negativas.

Extraordinária a cartilha deste governante e novo ideólogo do “eduquês”. Quem ler o que anteriormente está citado, dirá, numa primeira análise, que os alunos com boas notas podem não interessar para nada, uma vez que podem não ter aprendido o que Sua Excelência, no alto da sua sapiência, acha importante. O que importa que os docentes tenham avaliado e dado uma excelente nota? Nada, respondo eu. Enquanto todos não formos enformados e formatados pela “nova” cartilha não haverá descanso legislativo, administrativo e inspectivo por parte do ME.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:17

Dezembro 06 2017

Ontem, mais um estudo internacional foi dado à estampa. Trata-se dos resultados do Progress in International Reading Literacy Study (PIRLS), o qual mede o grau de literacia, de cinco em cinco anos, dos alunos do 4º ano. E como descemos no ranking, i.e., passámos de 541 (2011) para 528 (2016), houve logo que arranjar culpados. Como é óbvio, há sempre aqueles que estão à mão de semear e, por isso, levam sempre por tabela. Já lá vamos.

Quando em 2011 tivemos um bom desempenho, não se ouviu Nuno Crato, ME naquela altura já em funções, gabar-se que os resultados se deviam à influência das suas políticas. Também era o que mais faltava, acrescento eu.

Agora, com o actual governo já em funções, aquando da realização do aludido estudo, o secretário de Estado da Educação, João Costa, uma espécie de comissário do radicalismo educativo, veio, de imediato, dizer que a culpa do referido arriamento classificativo se ficou a dever à implementação das metas curriculares por Nuno Crato. Esqueceu-se, propositadamente, que em Fevereiro de 2016 já tinham sido eliminados os exames do 4º e 6 ano, uma vez que a avaliação até aí feita era apenas meritocrática. Sabe-se - o resultado das provas de aferição, este ano realizadas, aí estão para o provar – que a mensagem que a esmagadora maioria dos alunos, e não só, reteve sobre esta política é de que – desculpem-me a rudeza da linguagem - se podiam borrifar completamente para a avaliação.

Mas como em cima de pontapé não podia faltar o coice, logo adiantou que o ME já está a programar mais acções de formação para os professores, transmitindo para a opinião pública de que os verdadeiros culpados são estes. Não sabem ensinar, são malandros, uns autênticos calões e, nessa ordem de ideias, há que os colocar na linha. Damos-lhe formação e enchemos os bolsos aos nossos amigos das instituições que proporcionam aquela. Com uma cajadada matamos dois coelhos. Esperto este João Costa! Há-de chegar longe!

Sobre apetrechamento das escolas – as do 1º ciclo é da responsabilidade dos municípios, para onde querem empurrar todos as outras -, zero. Sobre o realce a dar aos docentes, seja na forma de progressão da respectiva carreira, seja na sua credibilização junto das comunidades educativos, menos que zero. Negativo, ou seja, autêntico gelo. Aliás, como estão e estarão os seus ordenados.

publicado por Hernani de J. Pereira às 12:09

Março 14 2017

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Afinal a tão propalada reforma curricular pode não passar do papel. O que foi afirmado ontem, é desmetido hoje e alterado amanhã. Veja-se o caso do emagrecimento das disciplinas ditas essenciais – Português e Matemática. Com o (re)ssurgimento de outras e não podendo aumentar a carga horária dos discentes, a qual já é pesadíssima, uma das maiores da Europa, só havia um caminho, ou seja, retirar horas lectivas daquelas. Algo, aliás, com que a presidente da Associação de Professores de Matemática, mancomunada com a actual equipa do ME, concordou publicamente, vindo agora desdizer-se, afirmando que tal nunca tinha estado em cima da mesa. Bem, farinha do mesmo saco!

O certo é que tudo não tem passado de fogo-fátuo, em inúmeras reuniões promovidas, um pouco por todo o país, à porta fechada como convém, pelo SE da Educação, João Costa. Lançam-se umas ideias para a esquerda, outras para a direita, para cima também se notam, para baixo por ser conveniente, em diagonal uma vez que pelos lados também se joga, do género “vamos ver qual o barro cola à parede”.

Como é necessário mudar o edifício crátrico de alto a baixo, independentemente dos estudos e das soluções, em tempos tomadas, terem surtido efeito, e uma vez não se ter uma ideia própria, i.e., com “cabeça, tronco e membros”, toca de lançar uns bitaites, tipo spin on e skeel out.

É que esta “coisa” da reforma curricular é bonita e fica bem na lapela. Todavia, quando se começa a escarafunchar vê-se que não existe outra solução que não pode deixar de passar pela alteração da carga horária semanal das disciplinas. E se, por um lado, ninguém quer ficar sem a sua disciplina, por outro ninguém quer perder qualquer regalia e assim, como é óbvio, ficamos nesta ambivalência: concordo com a alteração se não for na minha aldeia. Mais: também concordo com a redução horária desde que não seja na minha casa.

Por isso, digo que, para já, esta nova história de Cinderela não passará de uma história de bruxas más da Bela Adormecida ou da Branca de Neve.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:06

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