O meu ponto de vista

Maio 31 2017

Adoro Portugal. Todos os dias ouvimos, lemos e vemos, abrimos a boca de espanto e soltamos fortes gargalhadas. As situações são tão inconsequentes – ia para dizer “inconseguidas”, mas arrependi-me a tempo -, tão despropositadas, que, conforme diz o nosso povo, “não lembram ao careca”.

Então não é que a TVI24 teve a brilhante ideia de convidar João Rendeiro para comentar a actual crise na banca? Como todos sabemos este excelso banqueiro, fundador do BPP, e que o levou à falência, com desvio de fundos lá pelo meio – e, já agora, também nas bordas -, é, certamente, um homem extremamente avalizado para comentar o desnorte que se apoderou dos banqueiros portugueses, senão de todos, pelo menos de alguns bem-sonantes, homens que, em tempos, eram considerados impolutos, já que se lhes entregava sem qualquer receio o fruto do nosso suor. Vá lá, pelo menos deve saber do que fala!

Bem, se a moda pega, vamos ver um dia destes Vale Azevedo a comentar a gestão dos clubes de futebol, José Sócrates a “botar faladura” sobre o sistema judicial e respectiva actividade criminal, Isaltino Morais sobre transferências bancárias para a Suíça, entre tantos e tantos outros casos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:55

Junho 04 2015

Deveria falar sobre o novelístico triângulo Jorge Jesus/Benfica/Sporting, bem como a pouca vergonha deste último em despedir Marco Silva por justa causa (!!!) e indagar onde, de repente, apareceram tantos milhões – fala-se de Angola e Guiné Equatorial, locais genuinamente portugueses, portanto - , mas a enormíssima falta de ética de todos os lados, leva-me a repelir tal ideia.

Igualmente uma parte de mim impele-me a escrever sobre Isaltino Morais, o qual, após a saída da prisão, publicou um livro e tem-se desdobrado em entrevistas em tudo o que são jornais e programas televisivos, defendendo acerrimamente a sua inculpabilidade, como se todos os tribunais, desde os de 1ª instância até ao TC – recordam-se dos imensos recursos e do adiar constante das sentenças? -, tivessem errado e mais não passavam de uma campanha, para não dizer cabala, contra aquele, o mais inócuo dos políticos, a acreditar nas suas palavras, fazendo jus àquilo que, desde sempre, ouvimos dizer aos presos, i.e., que as cadeias estão cheias de inocentes. Todavia, o bom senso diz-me que não devo ir por aí.

Falarei, sim, da ideia estapafúrdia de estender a componente curricular complementar à introdução à cultura e línguas clássicas, ou, dito por outras palavras, proporcionar, desde que as escolas assim o queiram, o ensino de latim e grego desde o 1º CEB.

Ora, sabendo nós da menor apetência que, infelizmente, os alunos do ensino básico têm pelas línguas vivas, imagine-se o que será para as designadas línguas mortas. É caso para dizer que, agora sim, é que nos vamos ver gregos.

Depois da desmedida desconsideração para com as artes e tecnologias, tornando o ensino cada vez mais academicista, só nos faltava esta. Um dia, quando uma parte substancial dos cidadãos não souberem distinguir uma chave de fendas de um alicate, verão o erro crasso que estão a cometer contra o futuro deste país.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:23

Abril 09 2013

Quem ouviu o outro dia a entrevista de Isaltino Morais à RTP1 ficou, perdoem-me a banalidade da expressão, de boca aberta. Então, não é que o homem, depois de ser condenado por tudo o que é tribunal, afirmou, sem qualquer pudor ou rubor facial, que está inocente e que tudo não passa de um enorme erro da justiça. Mais: foi a fortíssima pressão exercida pela maioria da comunicação social que levou os inúmeros juízes a condená-lo. É caso para dizer: coitadinho!

Aliás, aqui para nós que ninguém nos ouve, senão a totalidade, pelo menos a maioria dos condenados em Portugal é inocente, isenta de qualquer culpa, homens e mulheres sem mácula, honestíssimos e extremosos pais, maridos, esposas e filhos(as).

Voltando a Isaltino, o político que chegou a ser o autarca modelo português, o qual já interpôs para cima de setenta recursos e, segundo cálculos feitos por baixo, já gastou bem perto de um milhão de euros, entre honorários a advogados e custas judiciais, temos de aceitar a sua legitimidade à contestação, tal como nós temos direito a vê-lo preso, situação que só peca por tardia. Para além, daquele manter um “diálogo” com a justiça em circuito quase fechado, mercê do enorme poder económico que possui, é indispensável que o poder judicial não se deixe enredar ou, pior ainda, aprisionar, não entrando nos complexos mecanismos psicológicos de vitimização de última hora, mas administrando a justiça em termos de aceitação colectiva, ou seja, em nome do povo.

Para além dos efeitos esperados que a prisão de tal indivíduo representa, as consequências mais importantes, estou certo, irão sentir-se no longo prazo, i.e., quando os resultados se tornaram visíveis na mudança de paradigmas colectivos: a justiça afinal funciona e é igual para todos. Pode, à primeira vista, parecer pouco, mas é um enorme salto em termos de confiança no Estado.

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:14

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
Junho 2025
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab

1
2
3
4
5
6
7

8
9
10
11
12
13
14

15
16
17
18
19
20
21

22
23
24
25
26
27
28

29
30


arquivos

Junho 2025

Maio 2025

Abril 2025

Março 2025

Fevereiro 2025

Janeiro 2025

Dezembro 2024

Novembro 2024

Outubro 2024

Setembro 2024

Agosto 2024

Julho 2024

Junho 2024

Maio 2024

Abril 2024

Março 2024

Fevereiro 2024

Janeiro 2024

Novembro 2023

Outubro 2023

Setembro 2023

Agosto 2023

Julho 2023

Junho 2023

Maio 2023

Abril 2023

Março 2023

Fevereiro 2023

Janeiro 2023

Dezembro 2022

Novembro 2022

Outubro 2022

Setembro 2022

Agosto 2022

Julho 2022

Junho 2022

Maio 2022

Outubro 2021

Setembro 2021

Agosto 2021

Julho 2021

Junho 2021

Maio 2021

Abril 2021

Março 2021

Fevereiro 2021

Janeiro 2021

Dezembro 2020

Novembro 2020

Outubro 2020

Setembro 2020

Agosto 2020

Julho 2020

Junho 2020

Maio 2020

Abril 2020

Março 2020

Fevereiro 2020

Janeiro 2020

Dezembro 2019

Novembro 2019

Outubro 2019

Setembro 2019

Agosto 2019

Julho 2019

Junho 2019

Maio 2019

Abril 2019

Março 2019

Fevereiro 2019

Janeiro 2019

Dezembro 2018

Novembro 2018

Outubro 2018

Setembro 2018

Agosto 2018

Julho 2018

Junho 2018

Maio 2018

Abril 2018

Março 2018

Fevereiro 2018

Janeiro 2018

Dezembro 2017

Novembro 2017

Outubro 2017

Setembro 2017

Agosto 2017

Julho 2017

Junho 2017

Maio 2017

Abril 2017

Março 2017

Fevereiro 2017

Janeiro 2017

Dezembro 2016

Novembro 2016

Outubro 2016

Setembro 2016

Agosto 2016

Julho 2016

Junho 2016

Maio 2016

Abril 2016

Março 2016

Fevereiro 2016

Janeiro 2016

Dezembro 2015

Novembro 2015

Outubro 2015

Setembro 2015

Agosto 2015

Julho 2015

Junho 2015

Maio 2015

Abril 2015

Março 2015

Fevereiro 2015

Janeiro 2015

Dezembro 2014

Novembro 2014

Outubro 2014

Setembro 2014

Agosto 2014

Julho 2014

Junho 2014

Maio 2014

Abril 2014

Março 2014

Fevereiro 2014

Janeiro 2014

Dezembro 2013

Novembro 2013

Outubro 2013

Setembro 2013

Agosto 2013

Julho 2013

Junho 2013

Maio 2013

Abril 2013

Março 2013

Fevereiro 2013

Janeiro 2013

Dezembro 2012

Novembro 2012

Outubro 2012

Setembro 2012

Agosto 2012

Julho 2012

Junho 2012

Maio 2012

Abril 2012

Março 2012

Fevereiro 2012

Janeiro 2012

Dezembro 2011

Novembro 2011

Outubro 2011

Setembro 2011

Agosto 2011

Julho 2011

Junho 2011

Maio 2011

Abril 2011

Março 2011

Fevereiro 2011

Janeiro 2011

Dezembro 2010

Novembro 2010

Outubro 2010

Setembro 2010

Agosto 2010

Julho 2010

Junho 2010

Maio 2010

Abril 2010

Março 2010

Fevereiro 2010

Janeiro 2010

Dezembro 2009

Novembro 2009

Outubro 2009

Setembro 2009

Agosto 2009

Julho 2009

Junho 2009

Maio 2009

Abril 2009

Março 2009

Fevereiro 2009

Janeiro 2009

Dezembro 2008

Novembro 2008

Outubro 2008

Setembro 2008

Agosto 2008

Julho 2008

Junho 2008

Maio 2008

Abril 2008

Março 2008

Fevereiro 2008

Janeiro 2008

Dezembro 2007

Novembro 2007

Outubro 2007

Setembro 2007

Agosto 2007

Julho 2007

Junho 2007

Maio 2007

Abril 2007

Março 2007

Fevereiro 2007

Janeiro 2007

Dezembro 2006

Novembro 2006

Outubro 2006

Setembro 2006

Agosto 2006

Julho 2006

Junho 2006

Maio 2006

Abril 2006

Março 2006

Fevereiro 2006

Janeiro 2006

Dezembro 2005

Novembro 2005

Outubro 2005

Agosto 2005

Julho 2005

Junho 2005

Maio 2005

Abril 2005

Março 2005

Fevereiro 2005

Janeiro 2005

Dezembro 2004

pesquisar
 
blogs SAPO