Recordam-se de há cerca de quatro anos da queda, ou melhor, da amaragem de um avião em pleno Rio Hudson? E de todas as pessoas terem saído, felizmente, ilesas de tal incidente? Pois bem, tal ficou a dever-se, sobretudo, à enorme experiência e maturidade do piloto.
Todos sabemos que esta e tantas outras histórias caem, frequentemente, no esquecimento e são amortalhadas na espuma dos nossos dias. O mito da juventude como única fase da vida em que o ser humano tem valor, apesar de não fazer qualquer sentido, ajuda a cimentar aquela ideia.
O que seria do mundo sem os mais velhos? E o que seria dos jovens sem o conselho e a ponderação que só os de mais idade podem ensinar?
A prática em Portugal, todavia, contradiz, na maior parte das vezes, o que anteriormente escrevi. E fundamentalmente por duas razões. A primeira, devido a factores externos e a segunda por motivos de ordem intrínseca. Passo a explicar.
Existe na sociedade portuguesa – e não só – uma enorme pressão para que os mais idosos sejam, de certo modo, descartados, uma vez que a falta de oportunidades de trabalho para os mais novos a isso leva. Por outro lado, e em princípio, como ganham mais, é do interesse das organizações a sua substituição por mais jovens. Esquecem-se que a experiência é fulcral!
No entanto, a culpa não é inteiramente dos mais jovens e/ou das organizações. Conheço muitos que, aos cinquenta e poucos anos, são os primeiros a quererem abandonar os seus empregos, de preferência com chorudas reformas, para, no dizer destes, irem para casa e nada fazerem.
É evidente que também é um erro reformar alguém aos 66 ou 67 anos. Contudo, a alarvidade que constou, nas últimas décadas, na atribuição das reformas levou à insustentabilidade crescente do respectivo sector - com o acrescento dos direitos adquiridos (!!!) -, aliada à progressiva longevidade, não me admira que daqui a uma dezena de anos a idade para atingir aquela seja os 70 anos.