Ultimamente – e não é por acaso – surge amiúde notícias, estudos e ensaios sobre a idade da reforma. Invariavelmente vem à baila a questão da idade. Reformar-se aos sessenta e seis anos e meio é, a médio prazo, insustentável e, por isso, trona-se necessário começar a pensar nos setenta anos. Aliás, há quem defenda que daqui a trinta anos os portugueses terão de trabalhar até aos oitenta. O factor da natalidade, aliado a uma longevidade cada vez maior, a isso vai obrigar.
Bem, se pensar que Miguel Ângelo esculpiu a Pietá Rondanini aos 89 anos, que Ticiano pintou a Batalha de Lepanto aos 95 e a Descida da Cruz aos 97, que Gothe escreveu Fausto aos 83, que Victor Hugo escreveu Torquemada com 83, que Verdi compôs Otelo aos 74 e Falstaff aos 84, então, também eu, com bengala – talvez possa servir também para outro fim - nas aulas e de scooter eléctrica de quatro rodas nos corredores, poderei aos 70 enfrentar os alunos.