Todos sabem que, com todas as armas ao meu alcance, mas sempre de modo urbano, combati, politicamente, como é óbvio, a governação de José Sócrates e sempre tive as maiores dúvidas sobre a sua honestidade, ao seu modo de ser e estar e, sobretudo, relativamente à sua ética republicana que, aliás, tanto gostava de apregoar. Basta lembrarmo-nos dos casos FreePort, Cova da Beira, Face Oculta, entre outros, para as nossas perplexidades se terem mantido durante tantos anos
Todavia, uma coisa é a peleja política, outra bem diferente, completamente inusitada e indigna de um país civilizado, é a histeria que se instalou neste país, e principalmente na comunicação social, desde a noite de sexta-feira p.p., data em que se registou a prisão do ex-primeiro-ministro.
É evidente José Sócrates não é e nunca será um cidadão – no sentido mais comum - como outro qualquer. As responsabilidades que teve e que ainda almejava vir a ter – chamo a atenção para o modo como escrevi o tempo do verbo -, não lhe permitem ser um simples cidadão. Todavia, à face da lei tem que ser tratado como tal e, nessa ordem de ideias, há que deixar a justiça actuar, solicitando apenas que seja célere e responsável. Nunca gostei de notícias de “faca e alguidar” e muito menos me agrada ver “bater em carne seca”.
Será que não existem assuntos que interessam muito mais ao país?
Por último, por muito que possa ser injusto, (re)afirmo que o que me custa é, mais uma vez, verificar que, após o 25 de Abril, bastam os dedos de uma mão para citar os governantes que honestamente exerceram o seu múnus. E aqui estão incluídos presidentes da república, primeiros-ministros, ministros, secretários de estado, autarcas e outros, independentemente da sua cor política. Depois admiram-se de haver muita gente a suspirar pelo regresso do homem de Santa Comba!