A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica divulga, esta segunda-feira de manhã, as conclusões do relatório da investigação levada a cabo ao longo de 2022, na qual foram recolhidos centenas de testemunhos de vítimas, tendo sido validados 512, dos quais foram enviados para o Ministério Público 25 casos.
A apresentação foi iniciada pelo presidente da comissão independente, Pedro Strecht, que começou por prestar uma homenagem às vítimas, que “são muito mais do que números ou estatísticas”.
Segundo Pedro Strecht, com estas denúncias foi possível identificar mais de quatro mil vítimas, mas não é possível definir a quantidade dos crimes "porque a maioria das crianças foi abusada mais do que uma vez". Um dos sociólogos envolvido no estudo alertou para o facto de este número de vítimas ser apenas a “ponta do icebergue”.
Como afirmou, com muita veemência, o Papa Francisco um caso apenas já seria uma monstruosidade. Ora, para além das enormes repercussões internacionais, não basta a Igreja Católica Portuguesa ter dado - e muito bem - o peito às balas. É absolutamente necessária uma outra atitude e, sobretudo, deixar de negar o óbvio e extirpar, sem contemplação, do seu seio os abusadores. Isto sem esquecer, de modo algum, o pedido pessoal de perdão às vítimas ainda vivas, bem como o ressarcimento material, apesar de sabermos que para determinados crimes não há dinheiro que chegue para pagar as respectivas reparações.