Não sendo de agora, está cada vez mais na moda. Refiro-me ao consumo dos designados produtos biológicos, sobretudo por parte de alguns estratos da classe média, os quais por se acharem pretensa e claramente esclarecidos se querem alcandorar à elite do bem-viver. Aliás, podem nunca ter semeado uma batata e/ou plantado uma couve, mas ai daqueles que coloquem em causa a sua superioridade - não em quantidade, mas em qualidade – em termos consumistas. Há acrescentar que a esmagadora maioria das pessoas com este pensar são de esquerda, a tal esquerda caviar, bem pensante e melhor falante. E se o ainda não são, para lá caminham. Como gostaria de os ver sujar as mãos na terra e depois, sim, falarem.
Alguém que produza alimentos, tanto vegetais como animais, e que utilize adubo, estrume processado, ração, etc., é, de imediato, rotulado de criminoso e altamente potenciador das alterações climáticas. Então, se tem a veleidade de abrir a boca e proclamar que usa pesticidas e herbicidas, por muito que acrescente que os usa com extremo cuidado e sempre respeitando as instruções oficiais, é apelidado de assassino. Mais: deveria ser sujeito ao desterro, senão mesmo à forca.
Esquecem-se que a apetecida alimentação biológica é, para além de acarretar outros inconvenientes, origem das mais chocantes injustiças sociais, uma vez que por ser muito mais cara que a dita não-biológica, somente aqueles com poder de compra a pode consumir. Os pobres, esses coitados, têm que comer tudo: com hormonas, pesticidas e herbicidas.
Como é óbvio, também gostaria de comer sempre robalo, dourada, cherne, corvina selvagem, entre tantos outros. Porém, a minha carteira recusa-se, com excepção de quando o Rei faz anos, a tais desaforos.
Mas o engraçado é que se prolongarmos a conversa, a contradição salta gritantemente à vista. Daí a pouco algumas daquelas sabem onde se pode comprar em promoção os vegetais, os peixes e a carne mais fresca. Na última discussão soube, passe a publicidade, que aqui perto é o Mercadona em Águeda.
A finalizar, é necessário dizer que se apenas consumíssemos produtos biológicos a maior parte da população deste planeta morreria à fome. Mas para aqueles isso pouco importa, pois desde que houvesse comida no seu prato o resto são “peaners”, como dizia o outro.