O caso Sócrates ainda vai fazer correr muita tinta. Como se costuma dizer, sobre este assunto “a procissão ainda só vai no adro”. O animal feroz, apesar de muito ferido, não morreu, bem pelo contrário. Ainda o veremos a ranger os dentes, trucidando este e comendo aquele. Muito me engano ou muitos estragos surgirão para os lados do “Largo do Rato”. Quando começarem a surgir nomes e nomes, conversas e conversas gravadas é que vão ser elas. Muita gente que está actualmente no governo ou passeia os “Armani” pelos corredores de S. Bento deve rezar diariamente a todos os santos para que o ex-primeiro-ministro não coloque m€rdꜳ na ventoinha.
Todavia, o assunto desta crónica tem a ver com aqueles que se dizem enganados. Refiro-me, evidentemente, aos políticos, pois no caso da ex-namorada, Fernanda Câncio, apesar de grave, pois muito escreveu publicamente sobre tal assunto, influenciando muita gente, considero-o do foro privado. Afirmar que não se apercebeu de nada, que não viu nada, é como ir ao barbeiro, cortar a farta cabeleira e dizer não ter sentido nada.
Dizem, a pés juntos, que, a ser verdade – ainda têm dúvidas? -, foram completamente ludibriados. E mesmo que assim tivesse sido, não tiram daí quaisquer consequências? É que tanto é ladrão o que vai à vinha como aquele que fica a guardar a cancela. O dinheiro em causa é de tal monta que o assunto só pode ser considerado corrupção ao mais alto nível do Estado. Ora, se não intervieram directamente, pelo menos foram coniventes, i.e., fecharam os olhos ou assobiaram para o lado. Será que nem uma única vez tiveram vontade de questionar os negócios da Venezuela, do Grupo Lena, da Parque Escolar, do TGV, das ligações Sócrates-Ricardo Salgado, das relações perigosas entre BES-PT, quando o Estado detinha poder decisório nesta última, das rendas excessivas proporcionadas à EDP por parte de Manuel Pinho, entre tantos outros casos? O que é que estavam a fazer no Conselho de Ministros, onde tudo era ou devia ser discutido e aprovado?