
Como já escrevi várias vezes, este governo prometeu tudo e mais alguma coisa. Umas vezes explicitamente, outras implicitamente e outras ainda dizendo nim, i.e., empurrando com a barriga o problema para a frente, facto aliás muito corrente nesta geringonça, na vã esperança que posteriormente surgisse uma solução ao fundo do túnel ou então que o mesmo se desvanecesse.
António Costa e o seu delfim Mário Centeno não se cansaram de proclamar aos quatros ventos que o fim da austeridade era um facto indesmentível, que havia dinheiro para a saúde, educação, justiça, etc, sem esquecer o aumento de pensões, descongelamento de carreiras na função pública e, como é óbvio, o consequente aumento dos salários. Em suma, esta era uma nova era e tínhamos um governo, acima de tudo, dialogante e pronto a estender a mão aos que dele se abeirassem.
O caso dos professores é paradigmático. Diálogo mensal, sorrisos a toda a hora, portas escancaradas do ME para as reivindicações há muito engavetadas e esperançosas de surgirem à luz do dia. Todavia, passada fase da empatia mútua, eis que surge a verdadeira face deste governo. Por isso, António Costa, à semelhança de Victor Gaspar, ex-ministro das Finanças de Passos Coelho, também disse com voz grossa “não há dinheiro”. Ponto final parágrafo.
Claro que os professores, até aqui amansados por uma Fenprof presa por rabos de palha, resolveram ir à luta. A greve às reuniões de avaliação em muitas escolas está na ordem do dia e a provocar mossa. Não admira, assim, que o ME, através de nota informativa (!!!) tenha deitado às malgas – diga-se, em abono da verdade, que é useiro e vezeiro em tal – toda a legislação que rege esta matéria.
Estou perfeitamente convencido que uma parte dos pais e encarregados de educação agradecem e aplaudem o gesto de Tiago Brandão (Lurdes) Rodrigues. Outra coisa, porém, é o caso dos directores de escolas seguirem os ditames da tutela mesmo sabendo que se trata efectivamente de uma ilegalidade. Pela amostra parece que têm a espinha muito curvada, para além de não terem frutos vermelhos muito apreciados em saladas.