Infelizmente, no meu dia-a-dia, ouço, mais vezes que gostaria, a expressão que, no fundo, é uma interrogação de retórica: “para quê esforçar-me se vou acabar atrás de uma caixa automática de um supermercado?” E, em jeito de resposta, adiantam logo: “para tal, basta o nono ano”. Desfazer este e outros mitos é extremamente difícil. Isto, apesar de fazer referência aos múltiplos estudos que dizem perentoriamente que quanto maior é o grau académico e/ou de qualificação maior é a possibilidade de ingressar no mercado de trabalho e, sobretudo, ter um vencimento maior.
Ora, para além desta verdade irrefutável, sabemos que nos próximos dez anos muitas das profissões agora existentes irão desaparecer. Aliás, algo semelhante ao que aconteceu no séc. XVIII, quando a Revolução Industrial destruiu milhares de postos de trabalho. Não é novidade para ninguém que no século passado as inovações e a aceleração da mudança das sociedades despoletaram aumentos de produtividade que fizeram prosperar as pessoas a níveis de bem-estar nunca imaginados, mas simultaneamente lançaram no desemprego milhões de trabalhadores incapazes de se adaptarem às novas realidades.
Nos nossos dias a internet veio acelerar um processo de desemprego tecnológico, algo que Keynes já tinha previsto em 1930. Daqui a uns anos, ninguém duvide, as caixas automáticas, no retalho e nas portagens, a indústria através da robotização, as agências de viagem, os aviões, comboios, carros e outros meios de transporte, praticamente não necessitarão de qualquer pessoa. Aliás conta-se em jeito de graça que no futuro as grandes empresas terão apenas um funcionário e um cão. Este com o intuito de impedir que aquele faça asneira, i.e., (des)ligue algo completamente desnecessário.
Daí ainda apostar em determinadas profissões: eletricista, mecânico, canalizador, entre outras. É que não consigo descortinar um robot a reparar uma instalação eléctrica ou uma ruptura na canalização.