As eleições, na Grécia, foram ontem, mas continuarão a ditar a actualidade por muito e – espero – bom tempo. Os gregos pagarão a dívida ou não? Os credores aceitarão renegociar a aludida dívida e em que moldes? Os alemães – atenção que neste âmbito não estão sozinhos – aceitarão, de um pé para a mão, os novos ditames que surgirão com a subida do Syriza ao poder? Ou será que este partido, quando confrontado com a exigência da governação e o estado caótico económico-financeiro em que se encontra a Grécia, arrepiará caminho, enfiando a viola da contestação no saco – já não será a primeira e, com toda a certeza, não será a última -, submetendo-se aos desejos de quem tem o capital de que tanto necessitam? Uma coisa, todos bem sabemos, é estar na oposição, sem responsabilidade de gerir o que quer que seja e, por isso, agitando as massas, num histerismo populista sem precedentes, outra, bem diferente, é governar de modo a corresponder às expectativas entretanto criadas por promessas, muitas vezes, demagógicas, mas também há muito ansiadas.
E a saída da zona euro? Concretizar-se-á? E quais as consequências para os restantes países. Bom, se assim acontecer estou certo que o impacto será muito menor que há três anos.
Como se vê, dúvidas existem muitas e certezas há poucas. A não ser que chegou a acordo com a direita independente do ANEL. Caramba, à primeira vista até parece mau presságio: vão-se ver anelados, que é como quem diz apertados de tal modo que até se vão ver gregos.
A mudança já começou e já existem muitas pessoas da extrema-esquerda que ontem deitaram foguetes e hoje começam a torcer … a orelha!
A finalizar, uma palavra sobre as declarações de António Costa. Afirmou este que o povo grego votou pela mudança e que em Portugal assim também terá de ser. Esqueceu-se, de propósito, sem dúvida, de fazer uma alusão ao partido irmão grego, o PASOK, o qual quase desapareceu da cena política daquele país, fruto de anos e anos de corrupção e desvario político. Países distintos, atitudes …
Adenda: Por falar na Grécia, morreu hoje o cantor Demis Roussos, referência musical dos meus vinte anos. Em jeito de homenagem aqui vos deixo um dos muitos e muitos êxitos.