Todos o sabemos. Porém, alguns, por preguiça mental, outros por falta de hábito e ainda outros por pura teimosia, recusam-se a pensar no passado. Ora, pensando nos últimos cinco anos poucos percebem como foi possível sobreviver até aos dias de hoje. Não quero dizer que aquilo por que passámos tenha sido evitável, bem pelo contrário, mas que foi duro, disso poucos terão dúvida. Em sentido inverso, i.e., pensar no futuro todos o querem fazer e projectam as melhores perspectivas, inda que estas estejam assentes em lodo movediço.
O ser humano possui coping behaviours, “estilos de comportamento” para lidar com as mais diversas situações, e nos últimos anos têm-se caracterizado pelo surgimento de novas estratégias para lidar com a frustração, cansaço, depressão generalizada, entre outras maleitas. É o designado sobreviver. E, então os que estão nos sessenta ou bem perto disso, sabem-no bem melhor que ninguém, apesar de disfarçarem muito bem.
O hoje aparenta algumas alterações decorrentes de novas estratégias – chamar-lhe-ia camuflagens ou fugas para a frente -, para lidar com o estado das coisas, isto para não falar de crise mas de anormalidade. Aliás, como nos tempos de guerra ou do Robinson Crusoe, compreendo que as pessoas se habituam às coisas, mesmo que estas sejam péssimas. E, como é óbvio, com os pés tentam fazer o melhor que deveria ser feito com as mãos.