O meu ponto de vista

Abril 13 2020

Desde já esclareço: estou cansado desta situação. Fechados em casa há, pelo menos, três semanas e mesmo assim constantemente receosos de contrairmos a infecção do Covid-19. Não houve compasso pascal, bem como reunião com os familiares e amigos. Festejámos sozinhos – tem alguma graça? – e erguemos as taças em glória de Cristo Ressuscitado. A maioria com água. Salvou-se este vosso escriva que não corta a cepa.

Todavia, não deixaram de chegar emails em cima de emails, provenientes do sistema de escolar, sobre o ensino à distância. Caramba, já não basta a tristeza que nos vai invadindo para, ainda por cima, nos jogarem de Pôncio para Pilatos, tanto são as instruções, algumas delas perfeitamente contraditórias. Apesar de parecer o contrário, olhem que o tempo da Quaresma já terminou.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:07

Março 31 2020

Os dias que correm ensinam-nos muito. Em primeiro, a (re)adquirir não a simples paciência, mas de Job. Em segundo, a alavancar soluções que jamais pensaríamos capazes sequer de imaginar, quanto mais de colocar em prática. Em terceiro, a sofrer como jamais pensaríamos vir a padecer.

Não tenho a menor dúvida que já existem famílias que apenas estão juntas uma vez não terem outra solução. Sei de homens que já não suportam as mulheres e vice-versa, de filhos que já não aguentam a constante chamada de atenção dos progenitores, bem como pais cansados de aturarem os desvaneios dos descendentes. Abro um parêntesis para dizer com tristeza que, agora, sim, dão valor à escola, pelo menos no que respeita à guarda diária das crianças e jovens.

Recordem-se, porém, que estamos apenas com duas semanas de quarentena. Imaginem o que será daqui a um, dois ou três meses. Andaremos todos, sem perplexidade, a dar com a cabeça nas paredes. Os outros andarão, não sei por onde e como, a procurar comida. Deus queira que esteja enganado.

Uma coisa é certa: após a ultrapassagem desta pandemia muitos divórcios surgirão e desavenças familiares verão a luz do dia. A não ser que a crise económica associada a toda esta problemática, a qual, segundo os especialistas, afectar-nos-á tanto ou mais que a doença, impeça tal.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:14

Março 19 2020

Bem sabemos que vivemos tempos extremamente difíceis. Se até aqui todos ou quase todos concordam, o problema levanta-se o que fazer com os filhos, principalmente aqueles que se encontram em idade escolar.

Pais existem que apenas estão preocupados com a protecção dos seus descendentes, enquanto outros pressionam e muito as escolas para que estes tenham mais e mais materiais de estudo. Assim, no seguimento do meu texto de ontem, confirmo não existir professor que não se sinta “apertado” para usar as mais variadas ferramentas com vista a que os seus alunos “acompanhem” a leccionação dos conteúdos em falta.

Ora, como o correio electrónico e/ou outros meios suportam o envio dos mais diversos materiais, toca a encher os “putos” e os mais crescidos com resmas de páginas em pdf, word, excelpowerpoint, entre outros. Depois toca a “chatear” os pais – espero que somente estes – para o envio dos trabalhos feitos, através das imensas plataformas, as quais muito poucos dominam. E, os mais crescidos, num verdadeiro espírito colaborativo – bem, não era precisamente disto que estávamos à espera? – resolvem os testes em conjunto. As redes sociais servem para alguma coisa!

Como já alguém disse, não tardará muito para que os pais suspirem pelas aulas e comecem a dar o verdadeiro valor aos professores.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:43

Março 11 2020

Uma pessoa já não sabe do que falar a não ser do coronavírus. Por muito que queira, todas as conversas e assuntos descambam para este tema. Por um lado, cansa-me, por outro é irresistível. Ainda agora a minha filha, que vive em Coimbra, me disse que se for decretado o encerramento temporário do jardim-escola da minha neta virá para os Banhos, uma vez que o contacto com as pessoas é muito menor.

Uma verdade é certa: por princípio, não necessito de ir ao supermercado. Tenho carne de frango, de porco e outras, bem como batatas, couves, entre outros produtos. Por isso, morrer de fome não temo. De qualquer modo quanto aos produtos de higiene vou abastecer hoje mesmo a dispensa, sem açambarcar, desde já digo.

De repente lembrei-me que a porca que tenho para matar em meados de Abril próximo, irá ser abatida – espero que o PAN não me esteja a ouvir - já esta semana, não vá o Diabo tecê-las.

Já agora, por mera hipótese, imaginemos que as aulas serão interrompidas e quando reatadas serão prolongadas pelo igual tempo. As aulas/exames prolongar-se-ão por Agosto dentro? E as férias? Nada de mal, com excepção dos alunos e respectivos EE. É que, por lei, apenas podemos exigir, no mínimo, o gozo de dez dias de férias por ano. O resto dos dias acumulará para os anos seguintes.

publicado por Hernani de J. Pereira às 15:04

Março 10 2020

Ando cansado e algo confuso. Este ano lectivo não tem parança. Depois de auditoria aos cursos profissionais, surge agora uma inspecção aos mesmos. Caramba, já não basta o Coronavírus para ainda haver mais este arreliamento?

Não é, no que pessoalmente me diz respeito, algo que me tire o sono. Os que me conhecem sabem que não brinco em serviço e, por isso, tenho sempre os dossiers em dia. Mas que incomoda isso é verdade. Todos nós sabemos – por experiência pessoal e profissional sei do que falo – que quando a Inspecção quer, chateia mesmo e encontra sempre - nem que seja um “pintelho” - uma questão a esclarecer e/ou um papel, mesmo que não tenham importância nenhuma, em falta.

Sinceramente, não há pachorra que aguente!

publicado por Hernani de J. Pereira às 13:28

Dezembro 06 2019

A verdade acima de tudo. Não há dúvida que as escolas se têm colocado a jeito de modo a que haja por parte da sociedade a aleivosidade de lhes pedir tudo e mais alguma coisa. Quando existem algumas que pensam ensinar os seus alunos a cozinhar, passar roupa a ferro, arrumar a casa, de entre outras tarefas domésticas, algo que pertence fundamentalmente aos pais e avós, está tudo dito.

Por isso, tal com escrevi noutras ocasiões, não admira que cada vez mais haja alguém, essencialmente políticos, mas não só, a solicitar que nos currículos se pretenda incluir a prevenção rodoviária, a educação para a literacia financeira, a educação cívica, a educação para a saúde/alimentação/sexual e afins, a educação para a preservação do ambiente, educação para o empreendedorismo, educação para os media, entre tantas outras.

Hoje, surgiu mais uma. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, como não tivesse em mais nada que pensar, afirmou que a educação para o voluntariado deveria fazer parte integrante do currículo dos nossos alunos.

É por estas e por outras que cada vez mais me sinto conservador e a pensar “oh tempo volta para trás”!

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:26

Fevereiro 05 2019

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No seguimento do artigo de ontem e também porque, mercê da ideia peregrina do actual governo, a educação inclusiva está a atamancar a vida das escolas, adianto declarar o que nunca pensei ousar dizer e muito menos escrever.

Por ser meu profundo entendimento, toda a vida pugnei por um ensino o mais democrático possível. Hoje, após 41 anos de serviço e a poucos de me aposentar, penso de modo algo diferente. Passo a explicar.

Continuo a afirmar, alto e em bom som de modo a que não hajam dúvidas, que todas as crianças devem obrigatoriamente frequentar a escola até uma determinada idade. Até aos 15/16 ou até aos 18 e mais? Sinceramente, acho que após os 15/16 só frequentaria quem merecesse. Este pensar assenta em experiência de muitos e muitos anos. Alunos existem que se arrastam diariamente pelas escolas, não aprendendo e, pior ainda, não deixando aprender, para além de contribuírem para um desgaste físico/psíquico de pessoal docente e não docente. Aliás, penso que a maioria do absentismo registado nestas classes - o qual, felizmente, não é tanto como se apregoa - é devido a este tipo de alunos, uma vez que o clima extremamente indisciplinado que criam nem todos o conseguem suportar.

Numa linguagem chão-a-chão, sem medo de errar, pode-se afirmar que estes não querem fazer nada, independentemente das tarefas propostas, a não ser torrar a paciência de uns e outros. Alguns afirmam-no com todo o à vontade. Por isso, deveria bastar, como primeira e obrigatória hipótese, uma simples declaração assinada pelo respectivo EE em como se responsabilizaria pela não frequência escolar. Na falta desta a escola deveria ser autónoma para suspender da frequência o discente.

A lei permite que após os 16 anos se possa ter um emprego. Para muitos que conheço, uma pá/enxada nas mãos, de manhã até à noite, fazia-lhes muito melhor que o pão que comem.

Podem chamar-me obtuso, reacionário, fascista, entre outros epítetos, pois é para esse lado que durmo melhor.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:02

Novembro 08 2018

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O ensino profissional tem as suas vicissitudes e não é por acaso que a maioria dos docentes prefere, de longe, ministrar os respectivos saberes ao dito ensino regular. Como todos sabemos, infelizmente, este tipo de aprendizagem ainda é visto com algum desdém, para não dizer até menosprezo. A esmagadora maioria dos discentes que o frequentam apresentam - utilizarei linguagem muito soft - nível cognitivo baixo, proveniência de agregados familiares desestruturados e, sobretudo, economicamente débeis, bem como comportamentos muitas vezes disruptivos. Para alguns, se não são o lixo da massa estudantil, para lá caminham.

Por isso não me canso de apelar a uma outra postura. O profissional nunca deve esquecer que está a ser avaliado pelo seu desempenho e pela sua capacidade de executar correctamente as tarefas de que está incumbido. Não perder este foco é determinante. Tão determinante como aproveitar todas as ocasiões e experiências para absorver o máximo de aprendizagem durante o tempo de duração do seu curso.

São bem-vistos e valorizados os candidatos a futuros profissionais que questionam, que demonstram vontade de saber, de conhecer e de testar as suas capacidades. Não basta ser profissional, há que ser o profissional. É fundamental que se faça notar e se destaque entre os restantes. Tal não passa somente pelo desempenho, mas também por outras regras de ouro como a imagem, em particular o uso de roupa apropriada, a capacidade de networking e de relacionamento com os demais, sejam eles colegas, docentes, profissionais e gestores de empresas.

 

publicado por Hernani de J. Pereira às 09:00

Outubro 31 2018

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Muito se tem falado das fake news e estou em crer que ainda muito se irá falar. Já tinham sido importantes na eleição de Trump, bem como no referendo do Brexit, mas agora nas eleições brasileiras o patamar foi elevado a um nível excepcional.

As fontes de chegada da informação até nós são inúmeras: rádio, televisão, imprensa e sobretudo a internet, este novo e imenso veículo globalizante. Somos diariamente bombardeados por inúmeras informações, muitas vezes díspares, o que deixa a grande maioria de pessoas completamente baralhada.

O desafio é sermos capazes de selecionar essa mesma informação por forma a que ela se transforme em conhecimento que possamos utilizar racionalmente. Contudo, as opções são tantas e tão diversificadas que a selecção não é nada fácil. Escolher entre o produto A ou o produto B, entre o candidato X ou o candidato Y, entre a estratégia P ou a estratégia T, quando o invólucro é extraordinariamente apelativo, é muito difícil.

É nas escolas que se gera o conhecimento, mas se não houver qualquer forma de monitorizar a qualidade com que este é transmitido, nunca saberemos se estamos a enveredar pelo caminho certo. Todavia, há quem, com argumentos muito válidos, defenda que a não supervisão de tal é, em si, uma mais-valia, uma vez que, entre outras vantagens, potencia a abertura para a procura do discernimento.

publicado por Hernani de J. Pereira às 09:01

Outubro 25 2018

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Sou o último a desmentir que, desde os bancos da escola, existe o ensinamento e, sobretudo, a aprendizagem da solidariedade. Digo solidariedade no singular, uma vez haver variantes, umas dignas outras nem tanto. Todos sabemos que os discentes de uma turma sabedores que alguém cometeu um erro, na esmagadora maioria, senão a totalidade, manifesta solidariedade com o prevaricador e, nesses termos, não o denuncia. Aliás, nessa ordem de ideias, não nos podemos admirar que, mais tarde, alguns desses mesmos quando já adultos, por exemplo, numa questão de um crime, manifestem uma forte solidariedade para a não denúncia mútua.

Todavia, não é essa solidariedade que preconizo e venho defendendo. O grau crescente de exigência para com os outros e nós próprios, vendo nessa exigência não somente um direito, mas também uma obrigação de contributo positivo para a criação de uma sociedade com sucesso é algo que deveria ser inato a cada um, enquanto usuários, trabalhadores, membros de família, mas também enquanto cidadãos contribuintes que têm forçosamente de pedir maior eficácia a todos, sobretudo à classe política.

A mudança substancial no agir quotidiano pela via da qualidade, multiplicando os bons exemplos, os quais infelizmente vão rareando, deveria ser o pão-nosso de cada dia. Finalmente, enquanto pilar desse esforço, como condição necessária, mas não suficiente, para a afirmação de solidariedade do cidadão para o cidadão, importa que todos assumamos um papel claramente mais interventivo de participação activa na sua construção.

Numa antítese do nosso proverbial sebastianismo, e adaptando um célebre discurso do presidente Kennedy, enquanto cidadãos responsáveis “não perguntemos o que a solidariedade pode fazer por nós, mas antes o que podemos fazer pela consolidação da solidariedade em Portugal”.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:48

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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