O outro dia os meus alunos do 12º ano, finalistas do Curso de Mecatrónica, indagaram como poderiam procurar emprego e, caso estivessem dentro do perfil, o melhor modo de apresentarem a sua candidatura.
Numa tentativa de corresponder aos seus anseios, na aula seguinte levei uma série de suplementos de jornais e revistas com ofertas de emprego, bem como um conjunto de sites sobre esta temática.
Num daqueles suplementos, a páginas tantas, podia ler-se e passo a citar: “procuramos jovens talentos que consigam conciliar a excelência e o mérito académico com a experiência extracurricular e que tenham fit com a nossa cultura”. Mais à frente adiantava que “os candidatos devem demonstrar energia, atitude, ousadia, e motivação para integrar um mercado dinâmico e uma empresa visionária como a nossa”. A seguir afirmava que a empresa “tem capacidade para proporcionar e promover a sua integração em áreas que dependerão sempre do perfil de cada trainee”. A finalizar o anúncio dizia “que depois de uma primeira fase de assessment, os candidatos são sujeitos a entrevista e a um evento de selecção final”.
Agora pergunto eu: um jovem com 18, 19 ou mesmo 20 anos sente-se atraído por este tipo de «convite»? Mais vale ir, como a maioria dos meus alunos reiteradamente pronunciaram, para a IBM, que é o mesmo que dizer ir para a Introdução aos Baldes de Massa, ou seja, “ir para as obras”.
Não creiam, porém, os meus caros leitores que isto se passava num anúncio apenas e somente num dos suplementos. Amiúde a “cena”, para usar a linguagem que os alunos utilizaram, repetia-se.
Mais palavras para quê?