Terminada a safra do azeite, dá-se por concluída a época das colheitas. Pelo menos era deste modo que os nossos antanhos diziam. Aplico o tempo do verbo dizer propositadamente no passado, uma vez que, hoje-em-dia, não é bem assim, pois resta a colheita dos kiwis, algo que irá suceder daqui a um mês ou mais. Contudo, como se trata de uma cultura exógena, do qual possuo apenas três exemplares para consumo da casa, pouco me preocupa. Irei estar entretido, nesta colheita, meia dúzia de dias, mas apenas para ajudar os amigos.
Voltando, porém, ao fim das colheitas há que fazer o respectivo balanço: muito milho, feijão e abóbora, cujos preços andam pelas ruas da amargura, tal como referi em crónica anterior, muito vinho e de qualidade média – a chuva que a meados de Setembro caiu muito contribuiu para esta baixar -, pouca fruta e muito deteriorada, bem como pouca azeitona. A propósito desta última, pela primeira vez colhi azeitona num dia e no seguinte levei-a ao lagar, i.e., sem a conservar em água, evitando deste modo o apodrecimento. Aliás, tal procedimento verifica-se há muitos anos em Trás-os-Montes e no Alentejo cujas cooperativas recebem e processam a azeitona colhida no próprio dia, tal como acontece com as uvas. O rendimento é menor, mas a qualidade é muito superior.
Agora, apesar de surgir todos os dias trabalho para fazer, presumo que irei ter mais vagar, voltando à escrita e ao vosso contacto. Isto para além de descansar, algo que necessito muito. A esmagadora das pessoas que se dão ao incómodo de me ler, não imaginam a canseira a que tenho estado sujeito desde meados de Agosto. E, em jeito de conclusão, vou ver se recupero do meu ombro e braço direito, pois depois da queda que dei tenho sofrido dores horríveis. Tenho adiado, de dia para dia, pensando isto vai melhorar, mas ao contrário cada vez pior. Já me foi retirado líquido na competente articulação e feita uma infiltração articular à base de cortisona, mas não vai lá a não ser ir à “faca”.